Os celulares inteligentes são capazes de desenvolver uma quantidade imensa de tarefas. Desde modestas listas de compras até monitoramento cardíaco e leitura de impressão digital, os smartphones têm se destacado em suas ricas dimensões.
Fato é que estas plataformas se consolidam cada vez mais como “interface-chefe” para a realização de funções até então desempenhadas a partir da combinação de uma série de equipamentos: não é mais necessário ir a um banco, por exemplo, para pagar uma conta.
Mas seriam os smartphones ferramentas robustas o suficiente para desenvolver uma ou outra ação com maestria? Neste artigo, dicas sobre gravação, edição e publicação de vídeos a partir do uso de um sistema Android serão elencadas a entusiastas.
Antes de seguir adiante, caro leitor, que fique claro: o objetivo desta matéria não é fazer com que aspirantes a cineastas sejam capazes de registrar superproduções como as que se veem nos cinemas, mas sim tornar usuários de smartphones capazes de gravar vídeos um pouco mais modestos.
Sua proposta e equipamento
Softwares capazes de tratar imagens existem a rodo, mas expandir a resolução de um vídeo, por exemplo, capturado nativamente a 480 pixels para o formato Full HD apenas irá fazer com que o arquivo ocupe mais espaço em seu dispositivo. Fato é que o smartphone usado irá determinar o quão boa será a qualidade final de seu filme.
Isso não significa, vale frisar, que você terá de possuir um Samsung Galaxy S5, um OnePlus One ou um LG G2 Pro 2 para gravar a 4K. Antes mesmo de verificar a resolução máxima de imagem suportada por seu dispositivo Android, uma fundamental pontuação deve ser feita: qual é a sua proposta? Quais outros equipamentos você tem à mão?
Se o objetivo for dar forma a videocasts modestos para exibição via YouTube, um aparelho capaz de capturar em HD já cumpre a tarefa de modo competente. Produções um pouco mais ousadas, como a gravação de curtas ou de reportagens, podem exigir um mobile que conte com opções como customização de foco e gravação em Full HD. Estas dicas não estão escritas em pedra e não ditam o que cineastas devem fazer, é claro.
Nota: o vídeo acima foi gravado todo com um smartphone. A edição, contudo, foi feita a partir de programas avançados (um computador foi usado). É possível, no entanto, se ter uma ideia acerca dos frutos que o uso de um equipamento relativamente simples é capaz de gerar. Na sequência, veja um making of.
Pode ser que uma proposta autoral “em baixa resolução” seja o conceito trabalhado por um cineasta. Vale notar, de qualquer modo, que antes mesmo de correr atrás do mais recente e poderoso smartphone, suas necessidades enquanto produtor de vídeo devem ser avaliadas. Precisa de ideias? Consulte os links a seguir e se inspire:
Os tutoriais citados levam em conta o uso de câmeras digitais tradicionais. Assim, a criatividade de cada cineasta deverá se encarregar de adaptar os projetos a seus smartphones.
Cuidados durante a gravação
A gravação em si é a etapa crucial para quem deseja produzir material com boa qualidade. Uma vez definida sua proposta e selecionado o dispositivo que deverá capturar imagens, a gravação deverá ser então realizada, e alguns simples cuidados podem fazer com que problemas que truncam o processo sejam evitados:
Luz
Procure ambientes bem iluminados se a sua intenção é evitar capturar imagens com ruído (granulação). O uso de lâmpadas e luminárias é sugerido a quem deseja fazer gravações de videocasts. Recomenda-se também que paredes claras façam parte do cenário.
O equipamento de iluminação pode ser montado em casa.
E não tenha medo: experimente. Faça várias gravações, assista-as e verifique eventuais erros (tal como a presença de reflexos ou muita luz em determinado ponto do quadro). Durante a edição, escurecer imagens claras não é grande problema; o inverso, porém, pode gerar desconfortos. Ao adicionar “brilho” a cenas escuras, a granulação pode ficar mais evidente.
Áudio
A proposta deste tutorial é simples: gravar, editar e publicar vídeos somente a partir do uso de smartphones Android. Quer dizer então que fonte de captação externa de áudio alguma estará disponível. Um microfone pode, porém, ser acoplado para gravar o som, e a qualidade irá depender do tipo de receptor usado – para fala, indica-se o uso de lapelas ou de microfones direcionais.
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Se você não possui nenhum acessório adicional, tente encontrar um ambiente que não reproduza reverberações ou ecos. Ao entrevistar alguém, procure chegar o mais próximo possível da pessoa. Evite deixar o microfone do aparelho ao lado de fontes de barulhos altos (como caixas de som). Pretende fazer uma narração? Consulte neste link alguns aplicativos dedicados a gravação e tratamento de som.
Enquadramento
Certifique-se de deixar sua câmera posicionada na horizontal – vídeos gravados na vertical não costumam agradar a maioria dos espectadores. Além disso, analise os objetos que compõem a cena: videocasts não costumam contar com profundidade de campo; produções de curtas e reportagens, por outro lado, usualmente retratam os vários objetos que protagonizam o tema.
Já conhece a “Síndrome do Vídeo Vertical”? “Este vídeo poderia não estar assim. Isso poderia ter sido evitado”, diz o boneco de pelúcia. Ao upar um vídeo a canais de reprodução, duas faixas pretas ficarão posicionadas ao lado de capturas realizadas na vertical (vídeo acima).
Estabilização de imagem
Novamente, o critério que fundamenta sua empreitada deve ser trazido à tona: qual é a sua proposta? Acontece que os pequenos smartphones, justamente devido às suas dimensões, não possibilitam a gravação de imagens estáveis – é claro que mecanismos de estabilização existem (veja aqui uma comparação entre os sistemas do Xperia Z2, Galaxy S5 e HTC One).
Entrevistas agendadas e gravação de videocasts costumam fazer uso de um suporte fixo. Se algum movimento de câmera for necessário, procure manter seu dispositivo o mais estável possível. Produções de filmes em primeira pessoa, contudo, não seguem a regra: filmes como Cloverfield, A Bruxa de Blair e Distrito 9 são alguns exemplos.
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Segurar a câmera com ambas as mãos, deixar os cotovelos o mais próximo possível do corpo e, se possível, descansá-los sobre o próprio corpo são algumas técnicas que possibilitam a atenuação de trepidações durante as filmagens. Uma plataforma móvel improvisada (como bicicleta ou skate) pode também ser usada para a execução de tomadas em movimento.
Armazenamento
A menos que a produção de um clipe com a duração de duas horas em alta resolução esteja sendo feita, seu dispositivo deverá contar com um espaço razoável de armazenamento. A gravação de um minuto em Full HD cria arquivos com cerca de 150 MB; o minuto de um trecho registrado sob a qualidade 4K consome por volta de 450 MB.
Verifique o espaço disponível em seu smartphone e, se necessário, acople um cartão de memória ao dispositivo. Certifique-se de fazer o backup das imagens coletadas e evite que perdas de arquivo aconteçam – o uso de um notebook ou o upload para um serviço de armazenamento em nuvem são boas alternativas neste caso.
Edição
Há diversos aplicativos disponíveis na Play Store dedicados à edição de vídeos. A seguir, quatro bem conceituados apps que oferecem ferramentas adequadas à finalização de produções de aspirantes a cineastas:
KineMaster
Melhorar brilho e contraste por meio de ajustes práticos, cortar, ajustar enquadramento, mesclar clipes e inserir efeitos são algumas das possibilidades oferecidas por KineMaster. Basta arrastar qualquer vídeo de sua galeria sobre o programa para começar o trabalho, sendo que uma narração pode ainda ser feita por quem desejar adicionar uma faixa de áudio no filme.
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Esta aplicação apresenta opções de compartilhamento de vídeos por meio das redes sociais mais populares da atualidade (como Facebook, YouTube e Google+). Imagens podem ser inseridas durante a edição juntamente com trilhas alternativas.
WeVideo
Esta é uma das ferramentas mais robustas para edição e publicação de vídeos para dispositivos móveis. Adicionar efeitos, cortes, mídias de diversos formatos, legendas, títulos e “temas” são ações possíveis através de WeVideo.
Mas há um inconveniente: as publicações ficam restritas à qualidade de 480 pixels. Se você deseja upar clipes a 1080 pixels, uma assinatura mensal deve ser feita – pode-se também pagar por vídeo compartilhado em Full HD.
Magisto
Como diferencial, Magisto possui a função de mesclar diversos trechos de vários clipes para a produção de um único vídeo. Este aplicativo é indicado para quem deseja realizar produções caseiras sobre, por exemplo, “os melhores momentos do Natal” de um dado ano. Edições mais aprimoradas podem ser feitas, vale dizer. Para isso, é necessário assinar um plano.
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Movie Studio Video Maker
Outra boa opção para quem quer unir em uma única ferramenta as função de edição e publicação de vídeos é o aplicativo Movie Studio Video Maker. Insira músicas de fundo, adicione efeitos em seu vídeo, exporte o clipe em HD diretamente para o YouTube e crie slides a partir da compilação de imagens por meio deste editor.
Publicação
A maioria das ferramentas de edição já conta com função que permite o compartilhamento de vídeos diretamente por meio de redes sociais. Os canais mais populares de exibição de clipes possuem, naturalmente, aplicativos que permitem o upload de filmes.
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O aplicativo do YouTube apresenta uma interface intuitiva e prática (baixe aqui). Basta selecionar o clipe em sua galeria e preencher os requisitos solicitados pelo serviço da mesma forma com que o site se mostra a usuários de computadores.
Outra opção é a extensão Vimeo (download). Substituir vídeos duplicados, pausar e retomar o upload de material em alta resolução e compartilhar novidades via Twitter, email ou Facebook, por exemplo, são algumas das possibilidades que o app oferece. Se seu vídeo pesar mais que 500 MB, uma assinatura deverá ser ativada junto ao plano Plus.
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Produções audaciosas podem ser feitas por quem aprender a dominar as possibilidades que as ferramentas de gravação e edição de dispositivos Android fornecem. A qualidade do material está, desta forma, diretamente relacionada à proposta do filme e à metodologia empregada durante o processamento de todo o clipe. Você conhece mais técnicas que fazem uso exclusivo de dispositivos equipados com sistema Android?