A fabricante Nothing, criada em 2020 por um dos co-fundadores da OnePlus, está envolvida em uma controvérsia por causa de um novo smartphone da marca. O caso envolve a câmera do Nothing Phone 3, dispositivo que foi apresentado em julho deste ano.
De acordo com o site Android Headlines, as unidades de demonstração do Nothing Phone 3 no varejo traziam na demonstração uma seleção de fotos que teriam sido tiradas usando o aparelho. A tela indica que aquela é uma contribuição do que "a comunidade capturou" com o dispositivo.
O problema? Na verdade, as imagens já existiam antes e foram capturadas usando câmeras fotográficas profissionais.
A polêmica do Nothing Phone 3
- O Android Headlines foi contatado por um fotógrafo que seria o autor de uma dessas imagens. Ele explicou que as imagens estavam à venda por meio de licenciamento em plataformas de banco de fotografias;
- O site The Verge também contatou autores das imagens e chegou até a verificar os metadados dos arquivos originais, confirmando que há fotos até de 2023 na página de amostra;
- O conjunto de câmeras traseiras do Nothing Phone 3 é um destaque inclusive por causa do design: as lentes são dispostas de forma assimétrica e desorganizada de propósito, ao contrário de praticamente qualquer outro modelo da indústria;
- Os três sensores são de 50 MP, incluindo uma lente periscópica com zoom de 3 vezes e uma ultra-wide de 114º. A câmera para selfies também conta com a mesma resolução.
O que diz a empresa
Ao ser acusada de propaganda enganosa, a Nothing inicialmente se esquivou do assunto e prometeu atualizar as imagens por acreditar que "precisão em como capacidades do produto são representadas é importante" para a marca.
Em seguida, na rede social X, um dos cofundadores da Nothing forneceu uma explicação mais detalhada. De acordo com Akis Evangelidis, aquelas fotos estavam lá de propósito durante testes internos e deveriam ter sido trocadas. Ele ainda diz que “não houve má intenção” e que tudo não passou de uma confusão.
Segundo o executivo, unidades demonstrativas chegam às lojas com meses de antecedência e foram enviadas como placeholders entre as imagens. Ou seja, eram arquivos temporários e que são usados apenas para ocupar espaço provisoriamente em uma interface. Porém, por um descuido da equipe, elas teriam sido deixadas nos aparelhos no lugar de fotos realmente feitas com o celular.
A recepção da comunidade, porém, não foi unânime. Há vários comentários que questionam por que a empresa licenciou fotos profissionais apenas para uso interno, sendo que qualquer imagem — inclusive tiradas por modelos anteriores da Nothing — serviriam apenas para ocupar a posição e não gerariam essa controvérsia.