Você já ouviu falar nas Montanhas Makhonjwa? Situadas na região leste da África do Sul e da Suazilândia, elas estão entre as formações rochosas mais antigas da Terra — e, segundo um time de cientistas, suas rochas "contam" mais do que a história do nosso planeta. Isso porque, entre as camadas de sedimentos que se acumularam no local ao longo de bilhões de anos, os pesquisadores identificaram matéria orgânica de origem extraterrestre.
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Vista das Montanhas Makhonjwa (Reprodução/Science Alert/Flickr/Fyre Mael)
Nas Montanhas Makhonjwa existe um depósito de rocha vulcânica de 3,3 bilhões de anos, com espessuras de 7 a 20 metros, chamado Josefdal Chert, composto por diversas camadas de cinzas vulcânicas. Foi nesse sítio que uma equipe formada por geólogos italianos e franceses encontrou uma faixa de 2 milímetros de espessura contendo moléculas vindas do espaço.
Carbono alienígena
Durante bilhões de anos, o nosso planeta foi alvo do impacto de toda classe de rochas espaciais que, além de colidirem e alterarem a superfície da Terra, acabaram depositando materiais por aqui. Existem, por exemplo, teorias de que foram os cometas que "trouxeram" a água ao nosso mundo, e que os elementos necessários para o surgimento da vida teriam vindo de carona com asteroides e meteoritos.
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(Reprodução/Biology 101)
Além disso, não é segredo que existe matéria orgânica pelo Universo, tanto que cientistas já identificaram nuvens compostas por gases como metano, álcoois e até rochas contendo aminoácidos. Portanto, não é difícil imaginar que corpos vindos do espaço carregando carbono tenham batido por aqui. E foi isso o que os geólogos encontraram entre as camadas de cinzas vulcânicas em Josefdal Chert: carbono extraterrestre.
A equipe chegou a essa conclusão depois de analisar sob microscópios eletrônicos o conteúdo de duas amostras coletadas entre os depósitos e submeter o material a exames de espectrografia por ressonância paramagnética eletrônica e até aos prótons de um acelerador de partículas. Após esses testes, os especialistas descobriram que, embora a maioria do carbono identificado correspondia ao que normalmente é encontrado na Terra, havia um corte em que o elemento era mais semelhante ao que está presente em meteoritos e rochas do tipo.
E mais: como as amostras foram encontradas em uma camada de sedimentos de 3,3 bilhões de anos, é surpreendente que depois desse tempo todo ainda existisse material suficiente para ser detectado através das análises. E, além do carbono, os cientistas identificaram nanopartículas de níquel, ferro e cromo, materiais que não são normalmente encontrados em formações rochosas da Terra.
Descoberta importante
Os geólogos acreditam que a camada contendo elementos extraterrestres pode ter se formado após o impacto de meteoros ter levantado uma nuvem de poeira e cinzas na atmosfera que, mais tarde, foi depositada na superfície da Terra e foi sendo coberta por outras camadas de sedimentos.
Aliás, esta é a primeira vez que evidências concretas de carbono de origem extraterrestre são encontradas em rochas terráqueas, sem falar que é a amostra mais antiga de matéria orgânica vinda do espaço já descoberta. Ademais, embora seja impossível afirmar que a vida no Planeta surgiu a partir de elementos trazidos do espaço, a descoberta apoia essa teoria.
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