Pesquisadores da Brown University em Providence, Rhode Island, esperam utilizar a internet como meio de acabar com algumas restrições do mundo da robótica. Enquanto máquinas tradicionais precisam de programações complexas para realizar tarefas específicas, a expectativa é de que em um futuro próximo seja possível simplificar tal processo a partir de dados obtidos pela rede mundial de computadores.
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Para tornar isso possível, os pesquisadores desenvolveram projetos que permitem que pessoas localizadas em qualquer local do mundo assumam o controle de robôs em uma série de experimentos. A partir dos dados coletados, são desenvolvidos algoritmos que tentam recriar a capacidade de decisão rápida que surge naturalmente em seres humanos.
A ideia é inspirada em outros projetos baseados em inteligência artificial, como os sistemas de tradução online. Softwares do tipo se baseiam em documentos traduzidos por humanos para aprender como transformar frases e expressões de uma linguagem em outra mantendo o sentido original e respeitando as características de cada idioma.
Cooperação online
(Fonte da imagem: New Scientist)Segundo Sonia Chernova, do Instituto Politécnico Worcester em Massachusetts, um processo semelhante pode ser utilizado na interação com robôs. Junto a seus colegas, a pesquisadora criou o título online Mars Escape, no qual o jogador tem que controlar dois personagens na tentativa de escapar de um laboratório em Marte que está próximo da destruição total.
A partir dos diálogos e interações feitas em 550 sessões do jogo, o time procurou por padrões utilizados na procura por objetos e as frases mais comumente utilizadas. A partir desses dados, foram desenvolvidas modificações para o jogo que aprimoram o modo como o personagem controlado pela inteligência artificial interage com os usuários na resolução de problemas.
O real desafio ocorreu em janeiro de 2011, quando o time liderado por Sonia montou uma versão real de Mars Escape no Museu de Ciência de Boston. Visitantes assumiam o lugar de um dos jogadores, e tinham que interagir com um robô que possuía os dados obtidos a partir do jogo online. Das 18 pessoas que participaram da brincadeira, seis atuaram em conjunto com o parceiro artificial e disseram que o comportamento racional da máquina contribuiu para o sucesso da missão.
Projeto ambicioso
Chad Jenkins, pesquisador de robótica da Brown University, desenvolveu um projeto semelhante, no qual pessoas interagindo pela internet ajudavam um robô a escapar de um labirinto. A partir dos dados coletados, um algoritmo de navegação foi desenvolvido, permitindo que a máquina escapasse de um labirinto em que nunca esteve antes.
O próximo experimento de Jenkins consiste em ligar uma máquina PR2 à internet e pedir que usuários ajudem-na a realizar tarefas simples em uma cozinha. A esperança é que, a partir das informações coletadas, torne-se possível criar robôs domésticos mais eficientes e capazes de realizar ações mais versáteis.
Problemas a contornar
Apesar de bem sucedidos, os experimentos inicias que contam com a cooperação online apresentaram alguns problemas imprevistos pelos pesquisadores. Jogadores da versão real de Mars Escape reclamaram que o robô não possuía boas habilidades de comunicação, além de nem sempre se movimentar até o lugar correto. Isso se deve ao fato de que muitas interações ocorridas pessoalmente nunca foram tentadas no game online.
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Caso tais problemas sejam solucionados, Jenkins vê grande potencial futuro no uso da técnica. Enquanto cientistas e engenheiros priorizam tarefas domésticas no desenvolvimento de robôs, diferentes pessoas ao redor do mundo podem ter ideias diferentes quanto às funções que essas máquinas devem realizar.
Para destacar o potencial das interações online, o pesquisador faz uma analogia com a internet. Enquanto os criadores da rede construíram um sistema para compartilhar informações, nenhum deles foi capaz de prever iniciativas como a Wikipedia ou o desenvolvimento das redes sociais. Dessa forma, ainda é preciso esperar certo tempo para ter uma ideia real das características que irão fazer parte dos robôs do futuro.
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