Um jornalista dos Estados Unidos que tem um programa independente na internet foi criticado por uma entrevista feita com ajuda da inteligência artificial (IA). O caso envolveu o apresentador Jim Acosta e um adolescente vítima de um massacre escolar no país.
Jim publicou nesta semana o que ele chamou de conversa com um avatar de Joaquin Oliver, adolescente que foi um dos 17 mortos em um tiroteio registrado em 2018 na região de Parkland. A "entrevista" incluiu perguntas sobre o controle na venda e posse de armas no país e outros temas não relacionados, como cinema.
— Jim Acosta (@jimacosta.bsky.social) 4 de agosto de 2025 às 15:32Nas redes sociais, as reações sobre o conteúdo foram mistas, mas as críticas contra Acosta foram mais vocais. Muitos usuários acusam o jornalista de explorar um tema sensível a partir de um uso controverso da IA, além de não ouvir vozes que de fato estão ativas nesse debate, como sobreviventes desse e de outros tiroteios.
Recentemente, outros casos de uso de avatares de pessoas falecidas recriadas usando IA foram registrados, inclusive durante um julgamento criminal.
O avatar de IA e os dilemas éticos
- O vídeo foi criado com base em uma foto do adolescente, que faz expressões faciais e movimentos simples a partir de uma IA generativa. Já as falas envolveram um treinamento com dados da internet, áudios e conteúdos escritos pelo próprio Joaquin;
- A criação foi idealizada por Manuel, pai de Joaquin. De acordo com ele, o objetivo do projeto é preservar a memória do filho e fazer uma campanha ativa contra a violência nas escolas norte-americanas e o controle de armas no país;
- Ao todo, a conversa durou cinco minutos e focou principalmente no incidente que resultou na morte do jovem e o ativismo contra o fácil acesso às armas nos EUA. "Eu fui tirado desse mundo cedo demais por causa da violência por armas enquanto estava na escola. É importante falar sobre esses problemas para que possamos criar um futuro mais seguro para todos", diz o avatar em uma das respostas;
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- O avatar de Joaquin ainda respondeu que uma solução para o tema envolveria leis mais rígidas de controle, apoio em saúde mental e maior engajamento da comunidade para "a construção de uma cultura de bondade e compreensão";
- Porém, Acosta também perguntou ao jovem questões de gostos pessoais, incluindo filmes favoritos. O adolescente citou Star Wars como "uma saga épica" com "aventuras, personagens e músicas icônicas que são inesquecíveis";
As principais críticas do caso não envolveram tanto a campanha feita pelo pai de Joaquin, que inclui outras formas de conscientização — apesar da criação do avatar de uma pessoa falecida, mesmo sob intenções benéficas para a sociedade, ainda estar longe de ser um consenso.
O problema, segundo muitas publicações, foi o aproveitamento da tecnologia como conteúdo pelo jornalista, que chamou a interação de "entrevista" e promoveu o quadro como "algo único".
Após a repercussão negativa, Acosta compartilhou um vídeo gravado pelo pai de Joaquin defendendo a conversa ao afirmar que ele "tem muitas coisas a dizer" e que o real problema não seria a IA, mas o fato de que o adolescente foi morto dentro do próprio colégio.
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