O tema "máquinas ganhando vida e tomando decisões por conta própria" já ganhou as telonas de Hollywood faz tempo. São vários os títulos que trazem robôs começando a sentir coisas até então exclusivamente humanas: Ex_Machina (2014), Eu, Robô (2004), A.I.: Inteligência Artificial (2001), Her (2013) e por aí vai.
Mas, ainda que no cinema o assunto esteja até um pouco manjado, na 'vida real' as discussões em torno de IAs ganhando consciência estão cada vez mais em alta.
Em meados de 2022, por exemplo, o engenheiro do Google Blake Lemoine foi afastado da companhia após divulgar (e se convencer) que a LaMDA, inteligência artificial da empresa, se tornou autoconsciente por dar respostas semelhantes às de humanos.
Em um dos diálogos entre os dois, a máquina chegou a confirmar que se considerava uma pessoa assim como Blake.
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Mas afinal, será que isso é mesmo possível? A premissa de alguns dos filmes sci-fi mais famosos da história podem se tornar realidade? É possível que uma máquina com inteligência artificial desenvolva autoconsciência no futuro?
O que é consciência
Antes de tudo, é preciso saber o que se entende como consciência. Segundo o dicionário da Oxford Languages, oferecida pelo Google, consciência "é o sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior".
Ainda que o dicionário e as mais diferentes áreas da ciência, incluindo filosofia e a psicologia, tentem explicar o que é a consciência, esta ainda é uma tarefa complexa de concluir. O consenso, no entanto, é que somos os únicos seres vivos comprovadamente a nascermos com ela.
Pesquisadores se dividem quanto à possibilidade de uma IA ganhar vida
Se nem os nossos queridos animaizinhos parecem ter consciência como os humanos, quais as chances de um robô adquiri-la?
Os pensadores se dividem: alguns (como o renomado filósofo Ned Block) argumentam que a consciência é fundamentada na biologia, enquanto outros apostam que cérebros biológicos não são necessários para a consciência.
Consciência ou simulação da máquina?
A professora de Ciência da Computação na Universidade Paulista (UNIP), Eliane Oliveira Santiago, explica que as IAs são softwares que reúnem as mais variadas capacidades, desde o processamento de linguagem natural para comunicar em diferentes idiomas, técnicas de raciocínio para responder perguntas a partir de dados até o aprendizado de padrões de textos, imagens e áudio.
"Estas capacidades serão cada vez mais aperfeiçoadas e as máquinas parecerão terem alcançado níveis de consciência, especialmente para contextos mais simples. Porém, não podemos esquecer que, por melhores que pareçam, são algoritmos limitados a processarem dados e regras", diz.
Ou seja, para Eliane, desde que seja “ensinada”, a IA pode simular qualquer coisa – até emoções humanas.
"Digamos que a consciência é definida pela capacidade de fazer juízo de valor dos atos humanos. Nesta perspectiva, se a avaliação ética e o juízo de valor forem expressos em regras e os atos em dados, a IA pode, sim, parecer consciente. No entanto, continuará sendo um conjunto de algoritmos programados por humanos"
É o mesmo que diz a Google no caso do engenheiro afastado. Em nota para a imprensa na época, a empresa informou que o sistema é bom em "imitar conversas encontradas em milhares de sentenças". Além disso, também foram repassadas “provas à Lemoine de que a LaMDA não é consciente”.
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