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Empresas voltam a marcar entrevistas de emprego presenciais para evitar 'trapaças' com IA

Companhias como a Google querem evitar candidatos falsos ou que usam ajuda não permitida de chatbot.

Avatar do(a) autor(a): Nilton Cesar Monastier Kleina

19/08/2025, às 15:45

Empresas voltam a marcar entrevistas de emprego presenciais para evitar 'trapaças' com IA

O uso proibido de ferramentas de inteligência artificial (IA) durante o processo de contratação tem obrigado uma série de companhias a mudar de estratégia. Em um mundo cada vez mais online e remoto, algumas empresas voltaram a marcar entrevistas presenciais com candidatos para ter certeza da qualidade do profissional.

De acordo com uma reportagem do The Wall Street Journal, nomes relevantes da indústria como Google, Cisco e a consultora McKinsey mudaram a abordagem de marcar conversas por videoconferência. O motivo é o crescente uso de ferramentas de IA que são considerados fraude nesses processos, mas são adotadas de forma escondida.

Como a alta demanda por empregos em certas áreas e a expansão para aceitar funcionários de qualquer parte do mundo, a contratação em vários casos se tornou 100% remota — e isso abriu as portas também para a utilização de plataformas irregulares como as IAs no momento de contratação.

Segundo o jornal, essa prática até já gerou a contratação de funcionários específicos de recrutamento em algumas gigantes para conduzirem essas conversas presenciais em ao menos uma oportunidade antes de uma eventual contratação. A ideia é definir se a pessoa realmente entende do assunto e pode realizar o trabalho, por mais que o serviço seja executado de forma remota no cotidiano.

Ferramentas de IA são trapaça na contratação?

  • Em um dos casos do uso irregular de IA em entrevistas de emprego, candidatos estão utilizando esses serviços como assistentes de conversação durante a etapa avaliativa para obter sempre a melhor resposta possível, que agrade o gestor em questão e o perfil do cargo desejado;
  • Isso é feito, por exemplo, ao alimentar chatbots com as perguntas feitas enquanto a conversa acontece, para que a resposta seja lida na tela pela pessoa como se fosse um pensamento natural;
  • A trapaça mais comum, porém, é registrada durante tarefas específicas que são passadas durante essas entrevistas, como exercícios ou desafios rápidos de programação ou engenharia que, segundo as regras do processo seletivo, deveriam ser feitas sem a ajuda de uma IA;
  • Um serviço pago chamado Interview Coder já se popularizou por auxiliar nessa etapa de programação — e pode até fazer isso sem ser detectado por gravações de tela;

No pior dos casos, as empresas também querem fugir de golpes envolvendo candidatos falsos que, na verdade, são cibercriminosos ou até espiões que utilizam deepfakes ou outros recursos visuais para enganar o recrutador e conseguir uma vaga.

Neste caso, as pessoas usam identidades falsas para serem aprovadas em entrevistas feitas remotamente e para trabalhos totalmente à distância. Elas podem até roubar dados ou ativos financeiros das companhias ao conseguirem acesso a áreas sensíveis dessas organizações.

Quer se manter informado sobre as principais novidades do setor de IA, dos anúncios e ferramentas até as polêmicas? Confira a seção especial sobre o tema no site do TecMundo!



Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.