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Deputado propõe taxar serviços online para criar 'Starlink brasileira'

Com estimativa de arrecadar R$ 50 bilhões anualmente, o novo tributo permitiria criar uma versão nacional da Starlink e uma alternativa ao GPS.

Avatar do(a) autor(a): André Luiz Dias Gonçalves

21/08/2025, às 12:00

Um polêmico projeto de lei do deputado federal Paulo Guedes (PT-MG) prevê a taxação de praticamente todos os serviços online para financiar a criação de uma versão brasileira da Starlink, que ofereceria internet via satélite, reduzindo a dependência de tecnologias estrangeiras. O texto foi apresentado à Câmara em julho.

Em entrevista ao Metrópoles na última terça-feira (19), o congressista afirmou que a criação do novo tributo que deve afetar principalmente as big techs permitirá arrecadar cerca de R$ 50 bilhões por ano. Com essa quantia, o país também teria a possibilidade de desenvolver uma alternativa nacional ao GPS.

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O deputado Paulo Guedes é o autor do projeto. (Imagem: Câmara dos Deputados/Reprodução)

Que empresas estarão sujeitas à cobrança?

Com o objetivo de fortalecer a soberania digital do Brasil, o PL 153/2025 propõe criar a Contribuição Social sobre a Propriedade de Sistemas de Interface entre Usuários de Internet (CPSI). Ela deve incidir sobre todas as “ferramentas, plataformas, motores, buscadores, operadores de emails e de mensagens ou outros instrumentos”, segundo o documento.

  • Isso significa, na prática, taxar qualquer sistema que conecte dois ou mais usuários, até nas transmissões realizadas entre pessoas, apps, robôs e instituições;
  • Mas somente os serviços com mais de 3 milhões de usuários serão tributados, o que impacta, principalmente, as big techs;
  • A taxa proposta é de R$ 12 por ponto de enlace, isentando as plataformas com até 3 milhões de usuários, assim como entidades religiosas, partidos políticos, órgãos públicos e entidades sindicais;
  • Há um teto anual de R$ 3 bilhões por contribuinte, mas a lei prevê o aumento do valor em 50% para as empresas que se apropriarem de informações de pessoas físicas ou jurídicas.

O texto também propõe a suspensão das operações das plataformas no Brasil que se recusarem a recolher a CPSI. Neste caso, seria necessário garantir que os usuários continuassem tendo acesso ao serviço impactado, de maneira alternativa, enquanto durasse o bloqueio.

De acordo com Guedes, a tributação recai inteiramente sobre os ganhos das gigantes da tecnologia. Assim, ele acredita que as empresas não teriam espaço para repassar a cobrança para os usuários, pois os preços praticados por elas são “quase sempre indiretos”, tendo como base outras variáveis que independem do custo tributário.

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Criar uma concorrente nacional para a Starlink é uma das propostas. (Imagem: Getty Images)

Quais serviços serão criados com o dinheiro arrecadado?

Com os recursos que vierem da CPSI, o governo poderia fortalecer a soberania digital nacional por meio de investimentos em diferentes tecnologias, segundo o deputado. Uma das ideias é criar instrumentos nacionais para atribuição de endereços de IP e Sistema de Nomes de Domínio (DNS).

A arrecadação também permitiria custear o desenvolvimento de uma rede de satélites de última geração própria ou em parceria com outros países ou entidades, funcionando em baixa altitude. A constelação seria utilizada tanto para fornecer internet de alta velocidade quanto para alimentar mecanismos de geolocalização.

“Tanto o GPS como os satélites de comunicação que utilizamos são americanos, sob controle totalmente alheio a nós, podendo ser cortados ou terem seus usos limitados arbitrariamente por conta de disputas de qualquer tipo a qualquer momento”, argumentou Guedes.

O mesmo vale para o sistema de certificação de protocolos da internet, que segundo o petista é “dominado” pelo governo americano. Cabe destacar que a proposta ainda não começou a tramitar na Câmara e não há um prazo definido para que ela entre na pauta de discussões.

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Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.