Se você visitou qualquer aplicativo de rede sociais nos últimos dias, certamente deu de cara com algum vídeo criado com o Google Veo 3, a nova ferramenta da gigante da tecnologia para gerar imagens realistas. A solução mal deu as caras na internet, mas já mostrou que é capaz de ser uma arma poderosa para criação de memes, mas também de vídeos falsos.
Curiosamente, esse também é o tema de Mountainhead, novo filme da HBO Max lançado neste domingo (31). Criado por Jesse Armstrong, da série Succession, a produção mostra um grupo de magnatas da tecnologia em uma casa de luxo, aproveitando a vida e discutindo o futuro da humanidade enquanto uma nova IA gera o caos.
- Veja também: Esse homem não existe: testamos o Veo 3, nova IA de vídeos realistas do Google, e os resultados impressionam
Bilionários, IA e ego: a fórmula de Mountainhead
O longa é uma sátira sombria que acompanha quatro bilionários em um retiro isolado enquanto o mundo lá fora entra em colapso devido a uma enxurrada de desinformação criada por IA. O epicentro dessa crise é a plataforma fictícia Traam, uma rede social controlada por Ven Parish, um dos personagens principais, interpretado por Cory Michael Smith.
A tecnologia que deveria conectar pessoas agora é usada como arma de manipulação em massa. Logo após uma atualização, a plataforma permite criar vídeos falsos realistas e que podem ser compartilhados rapidamente, o que rende uma grande crise global.
)
Além de Ven, o grupo inclui Jeff Abredazi (Ramy Youssef), dono da empresa de IA Bilter, que possui um filtro capaz des segurar a onda de desinformação - o que o torna ainda mais bilionário em minutos. O retiro também conta com Randall Garrett (Steve Carell), um veterano do grupo enfrentando um câncer terminal, e Hugo “Souper” Van Yalk (Jason Schwartzman), o mais excêntrico dos quatro — e o único que ainda não chegou ao clube dos bilionários.
O cenário? Um casarão nos alpes batizado de Mountainhead, uma provocação direta ao romance The Fountainhead, de Ayn Rand, símbolo do individualismo extremo.
Os perigos da IA e o ego de seus criadores
O clima de confraternização logo dá lugar a um jogo de manipulações e traições. Ven quer adquirir a empresa de Jeff para salvar sua plataforma e evitar responsabilidades com o governo dos Estados Unidos. Já Randall, esperançoso de encontrar na tecnologia uma cura para sua doença, se alinha com Ven.
Já Souper tenta usar o encontro para convencer os amigos a investir em seu novo aplicativo “Slowzo”, uma mistura de meditação guiada com rede social. Enquanto isso, o caos gerado pela IA se intensifica no mundo real — e eles veem nisso uma oportunidade: dominar o mundo.
Toda a narrativa gira em torno do uso desenfreado de novas tecnologias e do ego de seus criadores. Quanto mais a situação escala, mais os membros do grupo pensam em como podem se beneficiar das situações terríveis para se tornarem ainda mais ricos, o que acaba levando a medidas extremas no final do filme.
Reflexo do presente? O impacto do Google Veo e as dúvidas que ele levanta
É difícil assistir Mountainhead sem pensar no Google Veo, que curiosamente chegou ao mercado poucos dias antes do filme. A ferramenta recém-lançada mostra como é fácil criar vídeos falsos e realistas, levantando um alerta global sobre manipulação de conteúdo.
Não é a primeira vez que a ficção antecipa dilemas éticos da tecnologia, mas o timing de Mountainhead impressiona. Ele chega justamente quando a sociedade começa a questionar se os avanços em IA estão acontecendo rápido demais — e se estão nas mãos certas. O paralelo entre Traam e plataformas reais como X (antigo Twitter), de Elon Musk, é direto e claro, levantando a pergunta: quem está realmente no controle?
)
O filme também dá a entender que o Google Veo e outras inteligências artificiais não são as vilãs, apenas uma ferramenta: Mountainhead reforça a ideia de que o problema não é a tecnologia, e sim quem a controla. Quando decisões que impactam bilhões são feitas em retiros privados por uma elite isolada, o futuro da humanidade vira um experimento perigoso.
Vale a pena assistir?
Seja como entretenimento ou como alerta, Mountainhead acerta em cheio ao provocar desconforto e reflexão, do jeito que Jesse Armstrong costuma fazer. E enquanto o mundo real começa a lidar com as implicações de IAs cada vez mais sofisticadas, talvez o maior mérito do filme seja nos lembrar que o verdadeiro perigo não está nas máquinas — mas nas intenções de quem as programa.
Acompanhado disso, o longa também conta com boas atuações de seus protagonistas, e um roteiro repleto de alfinetadas que garantem momentos divertidos, embaraçosos e assustadores. As coisas só saem do controle nos momentos finais, o que pode gerar certa confusão no público pela rápida escalada na história.
De qualquer forma, para quem curte o trabalho do criador de Succession, vale a pena dar uma chance para o longa-metragem, que já está disponível para streaming no HBO Max.
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)