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O que acontece se você sair do Facebook por 30 dias? Um estudo descobriu

Pesquisa da Universidade Stanford utilizou centenas de voluntários para observar os efeitos da saída da rede social

Avatar do(a) autor(a): Igor Almenara Carneiro

schedule02/03/2019, às 08:30

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Muitos já se sentiram tentados a abandonar a rede social, mas o que aconteceria com seu estado psicológico se isso se concretizasse? Para descobrir a resposta, pesquisadores da Universidade Stanford realizaram um estudo com centenas de usuários — e o resultado é intrigante.

Divulgada no mês passado, a pesquisa teve foco na saúde mental dos participantes. Alguns voluntários, e outros recebendo uma compensação em dinheiro, foram convidados a abandonar a rede social por um mês para que as consequências pudessem ser observadas e analisadas.

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(Imagem: Reprodução/The Conversation)

As mudanças mais evidentes foram as seguintes:

  • Menos tempo online foi gasto, visto que o Facebook não foi substituído por outra rede social ou aplicativo;
  • Mais tempo foi passado com a família e amigos próximos;
  • Não havia muita consciência do cenário político, mas foi percebida mais tolerância;
  • Houve a alegação de estarem “se sentindo melhor”;
  • Foi reforçada uma antiga hipótese de que a rede social só seria benéfica para usuários excessivamente ativos.

Ademais, muitos alegaram estar planejando usar menos — ou não voltar para —  o Facebook após o estudo.

A perspectiva dos autores

O portal de notícias Recode entrou em contato com um dos autores do estudo, Matthew Gentzkow, professor de Economia da Universidade Stanford, para discutir os resultados do experimento. Para o pesquisador, a falta de consumo de notícias e de conteúdo relacionado a política foi o que tornou os usuários menos polarizados — e, como consequência, mais tolerantes. “A postura agressiva das pessoas é muito vinculada a quão engajadas estão. […] Para muitos, estar no Facebook significa ler mais, consumir mais, discutir mais, e isso não é culpa do algoritmo da rede social”, disse.

(Imagem: Reprodução/CNET)

O professor também especula que a razão para a rede social criar um ambiente mais hostil do que qualquer outro podem ser as “bolhas sociais”: “É bem mais provável que liberais e conservadores consumam os mesmo canais de televisão, revistas ou portais de notícias do que sejam amigos no Facebook”, alegou, destacando a segregação ideológica causada pelo site.

Sobre a considerável redução de engajamento político dos participantes, Gentzkow questiona: “Não é melhor que tenhamos pessoas que sabem menos, menos engajadas, mas que são mais bem-humoradas?”. Definindo o efeito colateral como inevitável, o pesquisador não sabe definir até que ponto o acesso à informação é inofensivo.

Matthew Gentzkow (Imagem: Divulgação)

“Voluntários” exigentes

Quando receberam a proposta de abrir mão da rede social, muitos não a aceitaram de graça. “Várias pessoas pediram até 100 dólares; já outras pediram valores muito acima disso”, relatou o professor. E completou que “Também houve respostas como: ‘você não pode pagar o bastante para me fazer sair do Facebook’.”.

Por fim, Gentzkow disse não poder afirmar se o Facebook é realmente prejudicial para a sociedade — mas não há dúvidas de que alguns usuários são exageradamente presos à rede social.