Uma derrota da privacidade atingiu o Telegram, aplicativo de mensagens russo famoso justamente por criptografar as conversas de seus usuários. Os criadores do app perderam em apelação feita junto à Suprema Corte na Rússia e, com isso, serão obrigados a ceder as chaves de criptografia do mensageiro ao Serviço de Segurança Federal (FSB), o serviço de inteligência do país europeu.
A disputa começou ainda em 2017, quando o FSB solicitou as chaves de criptografia do Telegram e obteve uma resposta negativa dos desenvolvedores. A empresa responsável pelo app foi multada em US$ 14 mil e, então, apelou à mais alta instância da Justiça russa, na qual acaba de ser derrotada.
Segundo informa o Bloomberg, o órgão que regulamenta as comunicações no país, Roskomnadzor, deu 15 dias para que o Telegram forneça as chaves de criptografia. Apesar disso, o advogado da empresa não acredita que a medida possa resultar em um bloqueio da ferramenta. Para ele, isso demandaria um novo processo contra a companhia.
Autoridades russas deram 15 dias para que a empresa forneça as chaves de criptografia do Telegram
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A demanda feita pela FSB vem na esteira de uma lei sancionada em 2016 de combate ao terrorismo. Entre outras coisas, a nova legislação determinava que serviços de mensagem deveriam auxiliar as autoridades na quebra da criptografia das mensagens trocadas entre os usuários.
O revés do Telegram na Suprema Corte é, também, uma derrota da privacidade, mas ainda não é o fim da linha. Isso porque a determinação judicial trata apenas das chaves de criptografia, mas não autoriza de forma automática o seu uso para remover a criptografia das comunicações feitas pelo app — para isso, uma nova solicitação judicial deve ser realizada, informa o Roskomnadzor.
— Pavel Durov (@durov) 20 de março de 2018Threats to block Telegram unless it gives up private data of its users won't bear fruit. Telegram will stand for freedom and privacy.
No Twitter, um dos criadores do aplicativo prometeu resistência. “Ameaças de bloquear o Telegram a menos que ele forneça dados privados de seus usuários não renderão frutos”, escreveu Pavel Durov. “O Telegrama lutará pela liberdade e pela privacidade.”
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