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MS e Amazon: empregados fazem protestos anônimos contra contratos militares

Em textos publicados sem identificação, empregados de empresas de tecnologia alertam sobre os perigos do fornecimento de certas ferramentas para forças militares

Avatar do(a) autor(a): Rafael Farinaccio

17/10/2018, às 13:50

MS e Amazon: empregados fazem protestos anônimos contra contratos militares

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Imagem de MS e Amazon: empregados fazem protestos anônimos contra contratos militares no tecmundo

Existem certas tecnologias que avançaram muito nos anos recentes – como inteligência artificial e sistemas de reconhecimento facial – e devem ser encaradas com bastante cuidado e, mais ainda, muita ética. Sabemos o potencial desse tipo de recurso, e não são apenas pessoas comuns, mas também especialistas, que alertam sobre o uso dessas ferramentas em conjunto com a sociedade.

Amazon e a Microsoft são duas gigantes da tecnologia que estão envolvidas no desenvolvimento dessas tecnologias e que estão sob os olhares dos mais cuidadosos e preocupados com a segurança da humanidade como um todo. Não faz muito tempo que notícias de parcerias e contratos entre essas companhias e forças militares entraram em circulação, e as informações levantam muitas dúvidas e preocupações sobre como essas tecnologias podem ser usadas nas pessoas.

Sabemos que [o CEO da Amazon Jeff] Bezos está ciente dessas preocupações e das conversas em todo o setor que estão acontecendo atualmente

Sem ninguém saber

Tendo isso em vista, a manifestação anônima online de funcionários dessas empresas começou a ser notada, especialmente na forma de textos escritos por esses colaboradores denunciando os perigos que tais parcerias feitas pela Amazon e pela Microsoft podem representar para o público. Na última terça-feira (16), um desses empregados publicou um texto no Medium sem se identificar e destacou sua preocupação sobre a Rekognition, a ferramenta de reconhecimento fácil da Amazon.

O produto já está sob vigia de órgãos de defesa de direitos e liberdades civis, como a ACLU (sigla em inglês para União Americana pelas Liberdades Civis), após a revelação de que a Amazon teria oferecido a ferramenta para o uso de forças policiais.

“Sabemos que [o CEO da Amazon Jeff] Bezos está ciente dessas preocupações e das conversas em todo o setor que estão acontecendo atualmente”, escreveu o funcionário. “Em público, ele reconheceu que os produtos de alta tecnologia podem ser mal utilizados, até mesmo explorados, por autocratas. Mas, em vez de explicar claramente como a Amazon vai agir para evitar os maus usos de sua própria tecnologia, Bezos sugeriu que esperássemos a ‘resposta imunológica’ da sociedade.”

Microsoft também

Um contrato de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 36,8 bilhões) entre a Microsoft e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos também gerou no Medium um texto anônimo de um funcionário da empresa. O protesto afirma que muitos empregados da Microsoft não acreditam que as coisas que criam deveriam ser usadas em guerras, referindo-se aos serviços de computação em nuvem que a companhia forneceria para a defesa norte-americana.

Além desses relatos, muitos outros se colocaram contra o fornecimento desse tipo de tecnologia para forças armadas, com o medo de que essas ferramentas possam se tornar um meio de controle autoritário ou mesmo arma para o extermínio de seres humanos em guerras, sejam quais forem. As empresas, agora, vão ter que enfrentar um problema externo e interno, aprendendo a lidar com seus funcionários que não estão nem um pouco contentes com as propostas bélicas recebidas pelos locais onde trabalham.



Editor do The BRIEF. Há mais de 10 anos na NZN, Fari é historiador, apaixonado por ciências e tecnologia, e grande admirador das obras de J.R.R. Tolkien.