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Ação Civil Pública quer suspender biometria facial no metrô de SP

Além dos altos custos de sua implantação, o sistema de reconhecimento facial do metrô paulistano eleva os riscos de discriminação, diz a ação

Avatar do(a) autor(a): Jorge Marin

04/03/2022, às 08:30

Ação Civil Pública quer suspender biometria facial no metrô de SP

Fonte:  Shutterstock 

Imagem de Ação Civil Pública quer suspender biometria facial no metrô de SP no tecmundo

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e outras cinco instituições ingressaram na Justiça com Ação Civil Pública, na qual pleiteiam que seja interrompido imediatamente o uso das tecnologias de reconhecimento facial pelo Metrô de São Paulo. A ideia é impedir que os quatro milhões de usuários do transporte coletivo continuem a ter informações sobre seus rostos coletadas, mapeadas e monitoradas.

Além do Idec, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, a Defensoria Pública da União, o Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes), a ONG Artigo 19 Brasil e América do Sul e o Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu) alertam, no mecanismo processual, que o sistema de reconhecimento fácil atualmente implantado no metrô da capital paulista não atende aos requisitos legais existentes.

De acordo com os postulantes, além de descumprir a Constituição Federal e diversos tratados internacionais, a biometria facial do metrô contraria determinações da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), do Código de Defesa do Consumidor (CDC), do Código de Usuários de Serviços Públicos (CDU) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Por que as instituições querem interromper o reconhecimento facial?

Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock/Reprodução.

A atual Ação Civil Pública é a continuação do processo iniciado por uma ação anterior, que cobrou na Justiça informações sobre a implantação do projeto de reconhecimento facial dos usuários do metrô paulistano, que custou aos cofres públicos mais de R$ 50 milhões. 

Após a análise dos documentos apresentados, as organizações públicas e da sociedade civil entenderam que, além dos custos exorbitantes, as tecnologias de reconhecimento facial aumentaram os riscos de discriminação de pessoas negras, não binárias e trans. Segundo os reclamantes, esse tipo instrumento é reconhecidamente falho em sua precisão, pois é construído sob uma estrutura racista.

A alegada ineficácia tecnológica "pode piorar a já precarizada experiência do usuário de transporte público, que pode ter seu longo e cansativo trajeto diário interrompido em virtude de alertas de segurança ‘falsos positivos’", diz Diogo Moyses, coordenador do Idec.



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Jorge Marin

Especialista em Redator

Redator do Mega Curioso e do TecMundo, Jorge Marin escreve sobre Ciências e Tecnologia desde 2019, conectando conhecimento acadêmico com experiências humanas do dia a dia. É psicólogo, cinéfilo e botafoguense inveterado.