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Operação elimina serviço de grupo cibercriminoso que roubava contas do Microsoft 365

Trabalho conjunto tirou do ar mais de 300 sites que comercializavam pacotes de ferramentas para extrair dados de vítimas

Avatar do(a) autor(a): Nilton Cesar Monastier Kleina

17/09/2025, às 13:45

Operação elimina serviço de grupo cibercriminoso que roubava contas do Microsoft 365

A Microsoft e a plataforma de distribuição de conteúdo em nuvem Cloudfare realizaram um trabalho em dupla durante o começo deste mês para desmantelar um perigoso serviço que contribuía para cibercrimes. O grupo alvo da operação foi o RaccoonO365, que seria especializado em roubar contas do serviço Microsoft 365.

Especificamente, a gangue é apontada como responsável por vender ferramentas de invasão e roubo de dados para outros invasores interessados. Por meio de vários planos por assinatura e clientes espalhados por vários países, eles ofertavam uma "operação sofisticada de phishing" que burlava sistemas tradicionais de detecção.

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A oferta de pacotes de ferramentas e serviços para outros cibercriminosos. (Imagem: Reprodução/Cloudfare)

Ao todo, foram tirados do ar 338 páginas e contas de privilégios corporativos que estavam ligadas ao grupo e eram usados nas fraudes. Os sites estavam hospedados ou utilizavam serviços da Cloudfare, que ao identificar a origem em comum desativou o suporte aos domínios.

Sem o envolvimento de autoridades para realizar prisões, mas com possibilidade de abertura de processos, o objetivo da operação é aumentar os custos de operação do golpe e dificultar a ação dos cibercriminosos a ponto de reduzir ou até forçar o encerramento das atividades.

O tamanho e a influência do RaccoonO365

  • O RaccoonO365 é um grupo cibercriminoso especializado na modalidade phishing-as-a-Service, ou seja, na venda de ferramentas que permitem a invasão de contas. Toda a organização era feita a partir de um canal no Telegram com mais de 800 membros fixos;
  • Desde quando começou a ser monitorado, em julho de 2024, o grupo teria sido contratado para roubar ao menos 5 mil credenciais de 94 países e recebido mais de US$ 100 mil (ou R$ 530 mil em conversão direta de moeda) por esses contratos, fechados em pacotes de assinatura mensal ou trimestral;
  • Os preços dos serviços oferecidos vão até US$ 999 (mais de R$ 5,3 mil) e o pagamento é feito sempre em criptomoedas ou stablecoins para dificultar o rastreio;
  • O líder do grupo seria o nigeriano Joshua Ogundipe, mas há indícios também de que o grupo teria conexões ainda não detalhadas com cibercriminosos da Rússia;
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Uma das armas para atrair vítimas por email usando uma falsa solicitação de assinatura. (Imagem: Reprodução/Cloudfare)
  • As ferramentas prontas do grupo são adaptadas pelos cibercriminosos para uso nos mais variados cenários. Elas se disfarçam de serviços legítimos — mensagens de marcas como Adobe sobre um arquivo PDF ou a assinatura eletrônica de um documento — e são normalmente espalhadas por email para atrair vítimas, em especial com contas corporativas cadastradas na Microsoft;
  • O diferencial do processo está em uma página de CAPTCHA que, ao ter a caixa "Eu não sou um robô" marcada, na verdade, está gerando uma falsa credibilidade para o site e burlando a possível ação de ferramentas de segurança no navegador;
  • Só então a vítima é levada até uma página que replica a tela de login da Microsoft, onde ela é deve colocar o email e a senha. Esses dados, os cookies usados na sessão e outros detalhes são então roubados por um script na URL que envia tudo isso para um email ou perfil do Telegram;

A Microsoft pode ter que responder nos Estados Unidos por supostamente “negligenciar” a segurança cibernética em seus produtos. Saiba mais sobre o assunto nesta matéria do TecMundo.



Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.