Sacred 3 era um dos jogos mais aguardados pelos fãs de RPGs que bebem da mesma fonte de Diablo. Aliás, após o lançamento de Reaper of Souls, a expansão do demoníaco jogo da Blizzard, nenhum game do gênero deu as caras no mercado.
O primeiro título da série Sacred, lançado em 2004, foi considerado por muitos um simples e divertido hack ‘n’ slash – nada além disso. Em Sacred 2: Fallen Angel, a Ascaron Entertainment tentou dar um salto maior que as pernas e conseguiu apenas trazer “mais do mesmo”.
Fallen Angel era tratado como a grande promessa para bater consagradas franquias, como Titan Quest, Dungeon Siege e até mesmo Diablo, o pai dos jogos de RPG com visão isométrica. Por esse motivo, a missão de se destacar diante de outros jogos da mesma vertente falhou novamente.
A sequência de Sacred 2: Fallen Angel veio com a árdua tarefa de finalmente transformar a franquia em uma das mais cativantes do gênero. O terceiro capítulo caiu nas mãos da Deep Silver, que poliu a franquia, mas a transformou em uma descerebrada aventura com clichês por todos os bugs, ou melhor, todos os cantos.
A sagrada carnificina descerebrada
Assim como nos outros jogos da série, você vai esmagar botões para decapitar guerreiros e derramar o sangue de criaturas mágicas e colossais. A história de Sacred 3 se passa 3 mil anos depois de Sacred 2: Fallen Angel e é contada por um narrador sarcástico e que adora fazer piadinhas durante a trama. Na verdade, o tipo de humor abordado em alguns momentos serve só para “mascarar” o fraquíssimo e batido conto.
A trama envolve uma saturada fórmula de RPG. Aqui, o Imperador Zane está na busca de um artefato raro que lhe permitirá governar as Terras de Ancaria. Logo no início, você pode escolher um entre quatro heróis disponíveis.
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Diferentemente de Diablo, no qual você move o personagem e também ataca os inimigos com o mouse, em Sacred 3 você controla o personagem pelas teclas W, A, S e D. O fato é que esse detalhe faz com que algumas ações se tornem ainda mais difíceis do que elas realmente são.
Desviar de um personagem é um verdadeiro jogo de sorte, afinal, você nunca sabe para onde ele vai rolar – resta rezar para que o protagonista tenha ido na direção certa. Perdemos as contas de quantas vezes fomos enganados pela mecânica do game e acabamos sendo esmagados por monstruosas criaturas.
No entanto, no controle a jogatina fica bem diferente. Aniquilar hordas de inimigos variados, cada um com características únicas de defesa (alguns usam escudos, outros utilizam magias), é muito mais prazeroso com os botões de um joystick. Com um controle na mão, você pode se esquivar de inimigos e atacar com muito mais precisão.
Em Sacred 3, é difícil parar de jogar até para tomar uma água. Os combates são intensos, frenéticos, desafiadores e compostos por centenas de criaturas, como todo bom jogo de ação. As batalhas contra os chefes são um destaque à parte, já que as gigantes aberrações precisam ser estudadas minuciosamente pelo jogador.
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Se uma das características de RPGs com visão isométrica à la Diablo é justamente coletar os melhores itens no decorrer da jogatina, em Sacred 3 você só pegará moedas no chão. Os inimigos “dropam” apenas ouro, que pode ser usado, é claro, para comprar armas, habilidades e itens consumíveis, como poções que regeneram a sua barra de vida.
Sinceramente, sem a possibilidade de explorar os cenários para coletar itens melhores, o título se torna um simples esmagamento de botões descerebrado e desestimulante.
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Um belo mundo mal-aproveitado
Um dos aspectos mais frustrantes de Sacred 3 é que, diferentemente de seus antecessores, ele não é uma aventura de mundo aberto. A mecânica da terceira versão é basicamente constituída por: andar, matar e passar de fase.
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Restringir a exploração de uma franquia que já ofereceu um mundo para o jogador fazer o que bem entender definitivamente não é o caminho do sucesso. Os ambientes são fechados, pequenos e basicamente constituídos por arenas de batalhas.
No entanto, o visual das terras mágicas de Ancaria é de deixar qualquer um de queixo caído. As regiões possuem um estilo de arte único e extremamente detalhado. As versões de Xbox 360 e PlayStation 3 são claramente inferiores à de PC, mas ainda assim proporcionam uma experiência visual marcante e que livra o game de ser um grande fracasso. As faixam que compõem Sacred 3 também não deixam a desejar e conseguem dar um tom épico para a jornada – mesmo sabendo que tudo aquilo é genérico.
Certamente, Sacred 3 fica mais divertido ao lado dos amigos. A jogatina se torna mais intensa e o caos se espalha pela tela com muito mais frequência. Mesmo o modo cooperativo sendo mais interessante, a mecânica de desenvolvimento de personagem é a mesma e todos os frustrantes aspectos da campanha single player também estão lá.
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Vale a pena?
Até vale, desde que você esteja disposto a apagar da sua memória que este é um título da franquia Sacred. Ele é de longe o pior dos três jogos lançados até o momento, mesmo sendo o mais polido de todos.
Sacred 3 tentou navegar em águas desconhecidas e acabou entregando uma experiência rasa, desestimulante e mal-planejada. Apesar de o jogo divertir e proporcionar uma jogatina descerebrada, a jornada em Ancaria é limitada e extremamente linear.
Faça um esforço, mas um esforço grande mesmo para engolir o regresso da franquia. Caso você seja um fã assíduo de Sacred, é melhor você esmagar botões em outro lugar para não desistir de vez da série.
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