NIER é uma espécie de mostruário de quase tudo o que foi feito até hoje, desde a quarta geração de consoles (talvez até antes) até agora. Existe ação em plataforma estilo Ninja Gaiden, pancadaria típica de Devil May Cry, perspectiva “top-down” The Legend of Zelda: A Link to the Past e, como não poderia ser diferente, todo um pano de fundo construído sobre um fabulário maniqueísta tipicamente Final Fantasy. O grande problema é que o todo aqui é menor que a soma das partes.
O flerte com diversos estilos que deram certo ao longo dos anos simplesmente não consegue espantar o irremediável tédio que ocupa a maior parte de NIER. Também é incapaz de disfarçar algumas mecânicas descaradamente datadas, bem como as diversas arestas que ficaram por aparar. Em suma: trata-se da reunião de diversas boas ideias que simplesmente não conseguem nenhuma ligação entre si capaz de criar algo realmente divertido.
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Para efeitos de classificação, talvez se pudesse colocar a empreitada da desenvolvedora Cavia como um RPG de ação com pretensões de Final Fantasy — vale lembrar que apenas a publicação do jogo ficou a cargo da Square Enix, portanto pode respirar aliviado. Existem momento de pancadaria pura e simples, mas também há diálogos e a evolução de personagens tipicamente RPG.
Entretanto, não há aqui a mesma sinergia entre ação e história que existe, por exemplo, em The Legend of Zelda: Ocarina of Time. A impressão de heterogeneidade é constante na maior parte do tempo: o seu protagonista — talvez o mais feio desde que Mike Haggar deu as caras em Final Fight — parece constantemente arremessado de um jogo para outro. Sem explicação. Sem transição. E, finalmente, sem o menor sentido.
Mesmo a tentativa de conferir liberdade na forma de um mundo de jogo aberto parece ser um tiro que saiu pela culatra. Por quê? Muito simples: atravessar as extensas colinas de NIER é terrivelmente tedioso, já que não existe praticamente nada para preencher todo esse espaço, além de alguns animais selvagens e os mesmos inimigos genéricos — os risíveis “shades”, que mais parecem esboços de monstros largados pela metade.
Conforme citado anteriormente, NIER é um daqueles casos típicos em que o todo é menor que a soma das partes. Existem ideias boas? Existem. A história tem seus atrativos? Certamente que tem. O problema é que, além de boa parte desses elementos não terem sido suficientemente polidos, não parece existir articulação entre o “NIER ação”, o “NIER ‘hack ‘n’ slash’” e o “NIER RPG”.
Ademais, o tédio que ocupa uma imensa primeira parte do jogo beira o intolerável. Atravessar as imensidões vazias dos cenários — em que nunca acontece nada, por mais que se mantenha a esperança — é um verdadeiro teste para a paciência e um labor completamente inútil. Enfim, ideias boas e uma trama bastante decente que sofrem com o mal aproveitamento e as muitas arestas por aparar.
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