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Review: Sonic Racing Crossworlds é mágico e reacende a rivalidade saudável com a concorrência

Com elenco vasto, jogabilidade arcade e fendas interdimensionais, Sonic Racing: Crossworlds reacende a rivalidade com Mario Kart World.

Avatar do(a) autor(a): Victor Alcaide Teixeira

18/09/2025, às 10:00

Atualizado em 19/09/2025, às 09:01

Review: Sonic Racing Crossworlds é mágico e reacende a rivalidade saudável com a concorrência

O mundo era mais feliz quando existia aquela rivalidade saudável entre SEGA e Nintendo, com direito a cutucadas em peças de marketing e tudo, o que, por consequência, impulsionava a criatividade de ambas. Afinal, a concorrência é sempre bem-vinda e benéfica para o consumidor, uma vez que força a empresa a sair de sua zona de conforto.

Coincidência ou não, 2025 é o ano em que veremos Sonic e Mario se enfrentando como nos velhos tempos, isto é, de igual para igual. Enquanto Mario Kart World aposta em um mundo aberto ambicioso, com copas conectadas por circuitos de transição e um elenco mais contido, limitado ao universo de Mario, Sonic Racing: Crossworlds almeja ser uma celebração da história recente da SEGA.

Ao contrário de Mario Kart World, que é mais pé no chão, Sonic Racing: Crossworlds quer ser o Smash Bros. dos jogos de kart. Sim, “todo mundo está aqui” (ou vai estar num futuro próximo). O elenco não deve só incluir mascotes obscuros de Sonic como também convidados de franquias renomadas do entretenimento, de Minecraft a Bob Esponja.

Mais de tudo

Apesar de ambos serem jogos de kart, um sendo exclusivo do Nintendo Switch 2, o outro querendo estar em todas as plataformas possíveis e imagináveis, Mario Kart World e Sonic Racing: Crossworlds podem coexistir numa boa. A disputa existe, é claro, já que eles pertencem ao mesmo gênero e competem pela atenção dos fãs desse tipo de jogo, mas, de certa forma, os dois se complementam.

Em vez de apostar em um mundo aberto para seguir a cartilha da última aventura do bigodudo, Sonic Racing: Crossworlds deposita suas fichas em uma experiência arcade definitiva, com mais de tudo: modos de jogo, personagens, copas, pistas e personalização. Quem veio do decepcionante Team Sonic Racing, inclusive, pode até se sentir um pouco intimidado pela generosidade do conteúdo e pelo alto fator replay.

Para você ter uma breve noção, são 23 corredores (sem contar DLCs e desbloqueáveis), sete copas, quatro velocidades (equivalentes às CCs de MK) e a possibilidade de destravar o modo espelho, Classe Invertida, no qual é possível correr no sentido inverso das pistas. Isso dá uma perspectiva bem diferente aos trajetos e atalhos que conhecemos do formato original, exigindo que o jogador reaprenda cada um dos mapas.

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O multiplayer, por sua vez, permite que jogadores de diferentes plataformas se reúnam sem qualquer limitação, além de contemplar um cooperativo em tela dividida, o mais pedido pelos Seguistas de plantão. Há uma boa variedade de modos aqui também, desde as corridas clássicas até disputas em que não é necessariamente preciso chegar em primeiro, como coletar mais moedas que o time oposto ou ativar um número maior de itens.

Se você não quiser jogar junto, tudo bem: todos esses modos estão disponíveis com bots e são igualmente divertidos ao estilo lobo solitário, mesmo quando confrontamos a máquina, cuja inteligência artificial não fica para trás e sempre propõe bons desafios. Vai por mim: é impossível ser infeliz em qualquer modo de Crossworlds. Seja no single ou com a galera, diversão é a palavra de ordem por aqui.

Economia balanceada e personalização quase infinita

Como incentivo para que você siga acelerando, o game gera recompensas por absolutamente tudo, mesmo em confrontos casuais. A economia do jogo gira em torno dos bilhetes Donpa, concedidos ao final de cada rodada para que o jogador possa investir em decalques e peças dianteiras, traseiras e pneus.

Sem surpresa, cada veículo tem sua própria gama de atributos, fazendo com que se comportem de maneiras completamente distintas nas pistas. Um carro focado em velocidade terá controles mais difíceis, enquanto um que prioriza manuseio é mais lento, mas se sai melhor em trechos sinuosos.

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O mais bacana é que há um incentivo para que o jogador coloque suas inúmeras builds em prática, já que não é possível prever como cada setup se sai na hora do “vamos ver”. Não é exagero: as combinações são quase infinitas. Esse fator de imprevisibilidade compõe o encanto de Crossworlds e me fez entrar numa paranoia boa em busca da configuração perfeita – no fim, acabei me encontrando nas pranchas mesmo.

Outro aspecto que favorece a diversidade já desmedida de builds é o sistema de dispositivos. Os dispositivos nada mais são que itens equipáveis em até seis espaços para que o seu personagem ganhe habilidades passivas ou ativas, dando um toque de complexidade a um gênero que preserva o simples. Você pode fazer com que a carga de derrapagem acumule com mais rapidez, por exemplo, ou permitir que três itens sejam carregados em vez de dois.

Por mais que não sejam revolucionários nem nada, os dispositivos dão twists interessantes para as corridas, pois nunca se sabe qual carta os adversários estão guardando na manga. Durante os meus testes, cansei de presenciar duelos que foram definidos na última rodada graças ao uso de um dispositivo em um momento-chave – cheguei a perder copas nas velocidades altas assim, aliás. 

Jogabilidade perfeita

Perfeita é uma palavra muito forte para rotular qualquer coisa, eu sei, mas a jogabilidade de Sonic Racing: Crossworlds chega perto disso. O ato de acelerar, seja numa prancha ou em um carro, imprime uma sensação de velocidade como há muito tempo eu não via num jogo de Sonic, enquanto derrapar pelas pistas, tal como um sabonete deslizando pelo box do banheiro, é incrivelmente satisfatório.

Dirigir aqui é muito mais gostoso do que na vida real. Mesmo nos modos mais fáceis, o gameplay desperta um turbilhão sensorial, embalado por uma trilha sonora vibrante, que carrega o DNA da SEGA, em contraste ao estilo mais elegante de Mario Kart World. Já os circuitos de Crossworlds são mais estreitos, com muitos atalhos e rampas, deixando a jogatina sempre movimentada.

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Falando nas fases em si, Crossworlds recorre a circuitos mais estreitos, nos moldes de Mario Kart 8 Deluxe, concebidos dessa forma para favorecer um desafio maior. A comparação com outros games de corrida de Sonic seria até injusta, uma vez que os mapas dessa nova versão são densos e repletos de atalhos e rampas  – logo, coisas acontecem o tempo todo durante a jogatina. 

Além de os cenários serem um deleite visual, resgatando memórias dos mais variados títulos de Sonic, o que inclui também sua fase mais recente, com Sonic Frontiers e Sonic X Shadow Generations, eles se alternam de forma exemplar entre terra, céu e mar, sem dar tempo para que o jogador enjoe do que está vendo. 

Fendas interdimensionais: o twist criativo

As fendas interdimensionais que se abrem no meio das partidas, à la Ratchet & Clank: Rift Apart, transportam os competidores para lugares completamente diferentes e representam uma mudança inesperada, mas bem-vinda dentro do formato tradicional de kart. Essa abordagem criativa de Sonic Racing, que dá nome a Crossworlds, é definitivamente seu grande diferencial, algo que merece ser replicado em gerações futuras.

Quando pensamos nos elementos que o distinguem de Mario Kart World, dá para dizer que Sonic Racing: Crossworlds é menos dependente dos itens, o que, na prática, se traduz em sessões de jogo mais equilibradas, ou seja, menos influenciadas pela sorte e mais justas com quem tem habilidades reais no controle. 

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Ainda assim, mesmo com a remoção de itens que, no passado, “quebravam” os jogos de corrida de Sonic, falta um balanceamento mais cuidadoso com certos power-ups. O Monster Truck, a meu ver, permanece ativo por tempo demais e destroça os carros rivais com muita facilidade. Não só isso: há um número excessivo de itens ofensivos. 

Já os escudos, por outro lado, não surgem com tanta frequência, deixando o jogador indefeso por longos períodos. É claro que atualizações podem e devem balancear essas questões, mas são ressalvas que merecem ser pontuadas na situação atual do título, sempre em prol da transparência com você, caro leitor. 

Vale a pena?

Transbordando carisma, Sonic Racing: Crossworlds é o jogo de corrida que o ouriço sempre mereceu, um tributo com aquela vibe de fliperama que faz jus ao seu legado nos videogames. Com uma jogabilidade tão gostosa quanto dirigir na vida real e um monte de conteúdo para render diversão por gerações, o jogo reacende a rivalidade saudável entre SEGA e Nintendo. A disputa, entretanto, está em pé de igualdade aqui.

Nota: 95

Prós (pontos positivos):

  • Jogabilidade arcade beira a perfeição;
  • Conteúdo dá e sobra para se divertir;
  • Modos de jogo variados, para todos os gostos;
  • Personalização robusta;
  • Visual lindo, com atmosfera de fliperama.

Contras (pontos negativos):

  • Faltou balancear melhor os power-ups.

Uma cópia de Sonic Racing: Crossworlds foi gentilmente fornecida pela SEGA para o propósito de análise no PlayStation 5 Pro. O jogo está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch e PC.

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Victor Alcaide Teixeira

Especialista em Redator