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Companion apps: o recurso definitivo da nova geração ou só mais uma moda?

schedule11/11/2013, às 17:35

Fonte da imagem: Reprodução/MMGN

Durante a última E3, eu tive a certeza de que a nova geração seria marcada pelo uso da segunda tela. Boa parte dos títulos apresentados no evento possuía algum tipo de aplicativo integrado que poderia ser usado tanto para auxiliar o jogador com informações úteis quanto expandir a experiência de exploração.

E não foi preciso nem mesmo esperar a chegada do PlayStation 4 e Xbox One para ver essa funcionalidade em ação. Assassin’s Creed IV: Black Flag e Call of Duty: Ghosts são apenas alguns exemplos recentes de lançamentos que receberam algum tipo de companion app e Watch Dogs e The Division são outras promessas que querem levar o jogo para além do joystick.

Mas será que essa é realmente uma tendência que vai se estabelecer no mercado ou apenas mais uma daquelas modas que vêm, fazem barulho e somem em seguida? A nova geração está cada vez mais próxima e esse é o momento ideal para fazermos essas perguntas.

O pai negligenciado

Por mais que muita gente trate segunda tela e companion apps como sinônimos, há uma pequena, porém crucial, diferença entre esses dois elementos.

Para entender essa diferenciação, é preciso voltar nossas atenções ao Wii U. E é engraçado ver como um console tão subestimado pelo público que adora se chamar de hardcore seja responsável por trazer essa tendência ao mercado. Afinal, com o GamePad, a Nintendo mostrou que era possível jogar com duas telas também em frente à TV.

E isso serviu como inspiração para que Sony e Microsoft lançassem suas próprias alternativas. Com o Remote Play do Vita e o SmartGlass, tanto PS3 quanto Xbox 360 também ganharam uma tela adicional para que o jogador tivesse novas opções de interação.

No entanto, essa variedade também trouxe seus problemas. Na falta de um padrão, os estúdios precisam trabalhar o triplo para adaptar a mesma experiência em cada console. Como cada sistema se relaciona com a segunda tela de maneira própria, a solução encontrada pelas produtoras para unificar foi criar aplicativos próprios para fazer essa integração. Era o início dos companion apps.

Um ponto curioso é que esse formato se aproxima muito daquilo que a própria Microsoft fez com o SmartGlass. São aplicativos que podem ser instalados na maioria dos smartphones e tablets e que são completamente opcionais, servindo mais como uma expansão da mecânica original e não parte dela. Desse modo, os estúdios conseguiram adicionar algo que auxiliasse o jogador de uma maneira diferente da habitual, mas sem excluir quem não possui um aparelho compatível ou que prefere jogar à moda antiga.

Interação paralela

Durante a última E3, ficou claro que algumas produtoras estão mais empolgadas que outras em relação aos companion apps, como é o caso da Electronic Arts. Vários dos games apresentados pela gigante tinham algum recursos aplicado aos dispositivos móveis, mostrando que eles estão investindo forte nesta tendência.

Fonte da imagem: Reprodução/Product Reviews

E a razão para isso é a mais simples possível: as pessoas estão habituadas a isso. Como o chefe da EA Games Label, Patrick Soderlund, explicou ao Polygon que, independente do que você faça, seu smartphone vai estar por perto e você vai querer utilizá-lo. Todo mundo está sempre conectado ao Facebook, Twitter e outras redes sociais e trazer essa mesma experiência para os video games é um processo natural.

Já a Ubisoft vê nos companion apps uma forma de atrair novos jogadores. Em entrevista ao site GamesIndustry, o presidente do estúdio, Yves Guillemot, descreveu a tendência como o futuro dos jogos exatamente por oferecer um nível de acessibilidade que apenas os controles não são capazes de trazer. Segundo ele, esses aplicativos oferecem novas formas de se jogar e isso permite que diferentes perfis de pessoas possam aproveitar um mesmo título — mas sempre com experiências diferentes.

É claro que essa é uma visão um pouco exagerada, fruto de um entusiasmo típico de quem está vendendo um produto. Ao menos por enquanto, são poucos os games em que o aplicativo companheiro pode substituir o joystick na hora de controlar o personagem, como acontece em Beyond: Two Souls.

No caso de Black Flag, por exemplo, o app funciona exatamente como uma ferramenta auxiliar de navegação. Tanto que o principal recurso está em uma forma simplificada de acompanhar o mapa enquanto você navega pelos mares do Caribe. É algo que o jogo em si já oferece sendo apresentado de maneira mais prática, mas sem ser essencial.

Já em GTA V, o uso é um pouco mais avançado, mas ainda longe de revolucionar a experiência de jogo. O aplicativo pode ser usado para fazer pequenas alterações em seus veículos quanto para treinar seu cachorro, deixando-o mais obediente durante a campanha. O destaque, no entanto, é que ele pode ser acessado mesmo desconectado do jogo.

E talvez seja exatamente esse espírito “bonitinho, mas ordinário” da maioria dos companion apps atuais que faz com que eles ainda não tenham caído na graça do público. Eles servem apenas como um extra para economizar alguns segundos de jogatina e são vistos muito mais para comer a bateria de seu celular do que como algo realmente útil.

Nesse aspecto, os aplicativos esbarram no mesmo tropeço inicial da Microsoft com o SmartGlass. Nos dois casos, os dispositivos móveis têm um grande potencial de expandir a forma como jogamos, mas se resumem a fazer algo simplificado e descartável.

Por outro lado, alguns títulos já conseguem ir além e usar essa praticidade para alterar a dinâmica do jogo como um todo. No caso de The Crew, por exemplo, você pode fazer algumas alterações em seu carro a partir da tela do tablet para economizar tempo entre os menus durante as partidas online.

Indo além

Porém, como comentado, isso não é o suficiente — e as produtoras sabem disso. De acordo com Guillemot, um dos objetivos da Ubisoft com os aplicativos companheiros é permitir que os jogadores levem seus games consigo mesmo estando longe de seus console. Como ele mesmo aponta, a ideia é fazer com que, mesmo em um aeroporto, você possa se conectar e participar de partidas juntos com seus amigos.

Battlefield 4 é um exemplo de título que vai adotar essa lógica. Para aproveitar a chegada da nova geração, a EA vai lançar na próxima semana um app dedicado ao Commander Mode, permitindo que os jogadores tenham uma visão aérea do mapa e possam enviar bombardeios em determinadas áreas a partir das telas de seus tablets.

Fonte da imagem: Reprodução/Softpedia

De maneira semelhante, a Ubisoft também quer fazer com que os companion apps ofereçam novas formas de interação a seus jogos, indo além do uso simplificado e raso que temos hoje. E um dos títulos apresentados que melhor aproveita essa conectividade é The Division.

No próximo game inspirado na obra da Tom Clancy, o dispositivo móvel pode ser usado para que o jogador controle um pequeno quadricoptero de exploração para vasculhar o cenário. Uma rápida demonstração de como isso vai funcionar foi apresentado durante a E3 e, apesar de termos ficado com a impressão de que você ainda pode pilotar o veículo com o joystick, ter uma tela adicional em mãos ajuda a ampliar a imersão naquele contexto.

O diretor do estúdio, Nicolas Rioux, conta que o grande segredo desses aplicativos é permitir que o jogador encontre novas formas de jogar, chegando ao ponto de fazer com que aquele extra possa se tornar em algo quase que independente. Para ele, trata-se de escolher quando, onde e como você vai explorar aquele mundo.

E apesar de ainda não termos nada significativo nesse estilo, já são várias as promessas de títulos que devem seguir essa linha na próxima geração — a ponto de muita gente considerá-la como o elemento que vai caracterizar os próximos consoles.

No entanto, Rioux aponta para algo bem importante que, até então, poucas desenvolvedoras se tocaram. De acordo com o diretor, por mais que todo mundo se refira ao termo “segunda tela” para se referir aos aplicativos companheiros, a verdade é que, para quem está jogando, a tela do tablet é a única que importa.

E talvez seja exatamente essa a pegada que ainda falta para que os companion apps possam finalmente se estabelecer como a tecnologia definitiva da nova geração. O “erro” da Microsoft com o SmartGlass e que foi repetido pela Activision e pela própria Ubisoft com Call of Duty: Ghosts e Assassin’s Creed IV é que o dispositivo móvel serve apenas para trazer informações rápidas e que fazem pouca diferença ao jogador, sendo que o ideal é usar esse recurso como uma maneira paralela de conhecer e se aprofundar naquele universo. Como mencionado vários vezes, é criar uma experiência nova.

O que esperar?

Por se tratar de algo ainda muito novo, ainda é muito difícil dizer o que esperar dos companion apps, visto que se trata de uma tecnologia ainda em fase de experimentação. Os estúdios ainda estão testando formatos e vendo que tipo de abordagem funciona e quais são aquelas que serão esquecidas em pouco tempo.

Os aplicativos disponíveis até então ainda são muito fracos, servindo mais como uma perfumaria como algo realmente relevante. No entanto, já é possível ver que algumas empresas já estão se mexendo para ir além disso na tentativa de dar uma real utilidade para essa novidade.


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