O game só chega aos consoles no final do ano, mas a comoção entre a comunidade gamer já começou. Porém, a expectativa em torno do lançamento de Battlefield 3 é compreensível, afinal os poucos vídeos liberados pela DICE foram o suficiente para mostrar que o título vem para entrar na briga pela coroa de melhor FPS.
Quem conferiu os trailers do jogo percebeu que, além da jogabilidade de primeira, o novo capítulo da franquia também chama a atenção por conta do realismo obtido nos gráficos. As cenas divulgadas até agora trouxeram um mundo incrivelmente detalhado e com diversos elementos que dão ao jogador a sensação de estar dentro de um campo de batalha.
No entanto, como tudo isso é possível? Não é novidade para ninguém que os títulos desta geração conseguem nos encantar por conta de seu visual, porém o que o estúdio apresentou até agora conseguiu ir além de tudo o que até mesmo os fãs mais entusiastas esperavam.
O grande responsável por essa revolução é o novíssimo motor gráfico que a desenvolvedora preparou especialmente para este lançamento. Em produção há mais de três anos, o Frostbite 2.0 conseguiu ir além daquilo que a própria empresa havia conseguido até agora. Mais do que isso, a DICE procurou fazer melhorias significativas em relação à primeira versão da engine e apresentou um salto de qualidade impressionante, como pode ser conferido nos trailers exibidos até agora.
Para o diretor geral da companhia, Magnus Troedson, essa novidade representa uma nova geração de mudanças, não apenas para o setor de desenvolvimento de Battlefield 3, mas para toda a produtora. Segundo ele, tal evolução se viu necessária para a criação do game, já que o público sempre espera algo mais de grandes nomes.
)
De acordo com ele, recursos e modos inéditos não são o suficiente para manter uma série por tanto tempo. Para isso, Troedson afirma que a solução é oferecer uma tecnologia diferente e levar os consoles atuais ao seu extremo. Pelo que deu para perceber, eles conseguiram.
Luz e sombraOs dois lados da guerraComo já foi comentado outras vezes aqui no TecMundo Games, o grande segredo do Frostbite 2.0 é sua iluminação. Os vídeos de divulgação – chamados pela desenvolvedora de “Fault Lines Episodes” – já deixam bem claro o que motor gráfico poderá nos mostrar.
A pequena demonstração que apareceu durante a Game Devolopers Conference 2011 surpreendeu a todos exatamente por conta das luzes extremamente realistas. Quando soldados passam por dentro de um prédio em meio ao fogo cruzado, é possível ver os raios de sol que entram na sala escura por uma pequena janela. A poeira do local é nitidamente visível, de modo como poucos jogos conseguiram recriar.
)
Além disso, as sombras também se destacam pela fidelidade com o que acontece no “mundo real”. O maior contraste entre luz e penumbra faz com que os ambientes mais escuros saltem aos nossos olhos, comprovando que a desenvolvedora procurou caprichar em pequenos pontos. De acordo com várias declarações feitas pela equipe de produção do título, a DICE buscou fazer com que o posicionamento das fontes luminosas projetasse os objetos de maneira diferente, respeitando a proporção e dando uma maior noção de espaço e distância.
Mais do que isso, o motor gráfico de Battlefield 3 consegue fazer com que todos esses elementos sejam processados em tempo real, mas com a qualidade de uma cena pré-renderizada. A sensação final é de que estamos assistindo a um filme.
)
De acordo com o diretor de arte do jogo, Gustav Tilleby, essa inovação pode ser considerada um grande passo dentro do universo dos FPSs. Segundo ele, o Frostbite 2.0 traz mudanças significativas em relação ao seu antecessor, principalmente por utilizar o deferred shading, que permite uma maior variação de efeitos à medida que o jogador avança na tela. É essa função que faz com que a poeira e a fumaça sejam influenciadas pela luz e tenhamos o espetáculo visual apresentado no trailer.
O legado de FaithO que Mirror’s Edge e FIFA têm a ver com Battlefield?Outro ponto bastante interessante na nova engine é a melhoria que a animação recebeu. Se você conferiu algum dos vídeos divulgados até agora, certamente deve ter se impressionado com a perfeição dos movimentos dos soldados nas cenas exibidas. A breve corrida dos militares enquanto fogem do campo de visão inimigo ou o rastejar sobre a cobertura de um prédio são apenas alguns exemplos do que a DICE preparou e do que o Frostbite 2.0 consegue criar.
De acordo com o chefe da equipe de animação, Tobias Dahl, um intenso processo de pesquisa foi feito para que tudo aquilo presente em Battlefield 3 se tornasse realidade. Para ele, a principal missão do estúdio é recriar a experiência de uma guerra, portanto era preciso passar a sensação de que estávamos realmente em meio a um confronto. Por isso, foi preciso repensar as formas como os personagens seguram e recarregam suas armas, do mesmo modo como vemos o mundo à nossa frente e até o jeito como os disparos são feitos e percebidos.
Outra característica que Dahl procurou enaltecer foi o perfil dos protagonistas. O curioso disso é que o time de criação inspirou-se em um título que nada tem a ver com guerras: Mirror's Edge, também da DICE. Segundo ele, o game usa a perspectiva em primeira pessoa, mas sem seguir a linha dos jogos de tiro. O resultado é um foco muito maior na personalidade dos personagens do que na ação propriamente dita.
)
Desse modo, as animações foram produzidas de maneira que a força dos heróis fique clara. Dahl reforça essa ideia e diz que é preciso que o jogador perceba essa intensidade tanto no jeito que os soldados se movimentam e interagem durante as cutscenes, quanto na própria jogabilidade.
A proposta de construir os personagens com base em seu perfil psicológico é o que o chefe de animação sugere ser a aproximação entre games e cinema. Ele afirma que a proposta do Frostbite 2.0 é exatamente usar o poderio gráfico para dar novas sensações e não apenas encher nossos olhos. Se o jogo promete nos levar para um campo de batalha, o visual deve recriar isso a ponto de realmente acharmos que estamos em uma zona de conflito, não apenas assistindo a tiroteios cada vez mais realistas.
Esportes dentro da guerra
Uma segunda influência bastante improvável para a criação do engine de Battlefield 3 foi FIFA 11. E não só ele, já que as edições mais recentes de Madden NFL, NCAA Football e todos os demais membros da família EA Sports também colaboraram para o desempenho obtido no FPS.
)
Não entendeu nada? Se você acompanha os títulos esportivos da Electronic Arts, certamente deve ter percebido que eles receberam uma melhoria impressionante nos últimos anos. O próprio FIFA conseguiu superar o eterno rival Pro Evolution Soccer graças à movimentação de jogadores que beira a perfeição.
Essa evolução vista nos campos (nas quadras, nos ringue e onde mais a EA decidiu arriscar) foi causada principalmente pelo sistema ANT, um conjunto de ferramentas que permitiu que os desenvolvedores explorassem um potencial até então inexistentes nessas séries. Foi com o “Animation Tool” que a preparação para efeitos de movimento e suas respectivas respostas ficaram mais reais.
)
No Frostbite 2.0, esse recurso foi incorporado pela equipe de Tobias Dahl para dar mais veracidade à ação. Assim, tanto as cenas em que vemos soldados correndo procurando abrigo, quanto os momentos em que eles sofrem algum tipo de ferimento abandonam a artificialidade. Foi por conta dessa parceria com a Electronic Arts que tivemos a sensação de estarmos vendo um filme em vez de trailers de um game.
Motor megalomaníacoDo nada à imensidãoAlém do modo com que os personagens se movem e da apresentação de um show de luzes e sombras, o motor gráfico desenvolvido pela DICE também faz de Battlefield 3 um título megalomaníaco. Ok, isso já é quase uma característica da franquia, mas o terceiro título realmente consegue levar esse ponto a um novo nível.
O próprio diretor de arte do jogo deixou isso claro. Em entrevista à revista GameInformer, Gustav Tilleby afirmou que tudo no game é grande, desde os conflitos à destruição. Se você faz parte do grupo de jogadores que tem ataques histéricos ao ver tudo indo pelos ares, pode começar a comemorar.
)
Para exemplificar a questão, Tilleby fez um breve resumo do que isso representa na série. Segundo ele, o primeiro Battlefield permitia que paredes e pequenos objetos fossem para os ares, enquanto sua sequência já permitiu que prédios inteiros virassem história. Porém, tudo isso se torna ainda maior em BF3. Ele comenta que a equipe sempre focou em ampliar esse ponto, o que faz com que os usuários presenciem algo próximo de ataques de destruição em massa.
Por outro lado, o diretor também disse que a Frostbite 2.0 também consegue dar vida a pequenos detalhes. Se o soldado tentar se esconder atrás do que restou de uma parede e alguém disparar contra essa barreira, poderemos ver os pequenos estilhaços de cimento voarem pela tela. Antes ignoradas, essas partículas resultantes dos tiros são fundamentais para a imersão na experiência.
Tiro na orelhaQuando o som do caos é organizadoDeixando a engine um pouco de lado, outro elemento que promete deixar Battlefield 3 ainda mais completo são os efeitos sonoros. O diretor de áudio da DICE, Stefan Strandberg, fez um trabalho muito cuidadoso para que o resultado final fosse, ao mesmo tempo, grandioso e organizado.
)
Como todos imaginam, a guerra se aproxima muito do caos. Tiros para todos os lados, tanques nas ruas, helicópteros nos céus e gritos de onde você nem consegue imaginar. Com tanta coisa acontecendo simultaneamente, fica ainda pior se concentrar em sua missão.
Além disso, há todo o exagero que os games proporcionam. Se em uma situação real, o campo de batalha já é enlouquecedor, isso tende a ser ampliado dentro dos consoles. No entanto, Strandberg afirma que é preciso colocar todos esses sons em ordem para que haja certa harmonia – mesmo quando ela parece não existir.
)
A proposta do diretor foi tornar os efeitos muito mais limpos, a fim de permitir que o jogador consiga se localizar mesmo em meio a um fogo cruzado. Como os sentidos são fundamentais para a sobrevivência, saber identificar a origem dos disparos apenas com base no áudio é algo que será possível em Battlefield 3.
Para obter um realismo maior nesse aspecto, Strandberg e sua equipe recriaram em uma área especial todas as condições que veremos dentro do jogo. Tiros em ambientes urbanos, blindados avançando sobre o asfalto e até veículos aéreos reais foram utilizados para captar todos os detalhes. Imagine como deve ser criar uma guerra em seu quintal apenas para gravar os barulhos feitos pelos soldados.
- Leia também: Until Dawn de graça, The Witcher 3 e Sonic Frontiers baratinhos, e mais! Veja as indicações de games da semana
Pode parecer um ponto de pouca importância no mar de novidades que a desenvolvedora prometeu para o FPS, mas esse é um dos elementos que certamente vai empolgar os jogadores. Sabe quando as explosões e os pedidos de ajuda de seus companheiros elevam sua adrenalina e fazem com que você se levante do sofá? Pois parece que isso acontecerá várias vezes.
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)