Com a chegada do aguardado Bloodborne (veja aqui nossa análise), outro lançamento recente da From Software passou um pouco batido do público em geral — Dark Souls II: Scholar of the First Sin. Marcando a estreia oficial da série Souls na nova geração de consoles, o título em um primeiro momento parece simplesmente seguir a formula das remasterizações que se tornaram frequentes no mercado recente.
No entanto, basta se aventurar algumas horas o para perceber que a desenvolvedora não se contentou simplesmente em melhorar aspectos gráficos. Jogar novamente a aventura é um verdadeiro teste para quem se diz especialista na série, visto que a realização de diversas mudanças, se não mudam completamente a experiência, ajudam a trazer um novo grau de desafio a ela.
Dark Souls II da maneira como deve ser
Antes de iniciar a análise, devo deixar claro que não sou um especialista na série Souls, tal os saudosos Maurício e Gabriel de nossa equipe. Apesar de já ter me aventurado em todos os jogos da série (incluindo o Dark Souls II original), nunca fui daqueles viciados na punição oferecida pela From Software — ou seja, joguei a série consideravelmente, mas não a ponto de fazer várias vezes o conteúdo restrito ao New Game +.
No entanto, mesmo com minha experiência limitada, consegui notar facilmente as mudanças e melhorias feitas pela produtora em Scholar of the First Sin. Para começar, os jogos finalmente receberam o tratamento gráfico que merecem — mesmo que estejam longe de parecer produtos da “nova geração”, visto sua origem no PlayStation 3 e no Xbox 360.
O principal aspecto aprimorado com a transição para o PlayStation 4 e o Xbox One foi a taxa de quadros por segundo atingida pelo título. Os 60 fps quase constantes apresentados pelo jogo trazem grandes benefícios ao seu combate brutal, além de tornar mais prazerosa a exploração de ambientes que antes eram marcados pela lentidão constante.
Outro beneficiado foi o tempo de loading entre diferentes áreas, que se tornou muito menor e diminui a frustração constante toda vez que você morre — e, confie em mim, você vai morrer muito. A única plataforma que não sofreu melhorias visíveis é o PC, cujo uso de modelos em DirectX 11 pouco traz de diferente em relação ao que já era visto na versão original.
Versão do diretor
O que diferencia Dark Souls II: Scholar of the First Sin de outras remasterizações recentes é o fato de que, apesar de ter conteúdos semelhantes, ela não é exatamente igual à versão que lhe serve de base. Apesar de elementos como a ordem dos chefes e o sistema de evolução se manterem iguais, a From Software realizou uma mudança minuciosa na localização de baús e de inimigos.
Usando o poder das novas plataformas, a desenvolvedora aproveitou para tornar ainda mais difícil a vida dos jogadores. Uma área que antes tinha quatro inimigos desacordados agora exibe nada menos que uma dúzia deles, enquanto outra ocupada por um adversário fácil passa a servir como o local de repouso de um dragão — isso só para citar alguns exemplos.
A empresa também fez com que inimigos antes restritos a partes mais avançadas do título agora passassem a aparecer mais próximos a pontos iniciais. Na prática, isso significa uma experiência mais difícil não somente para quem está jogando pela primeira vez, mas também para quem se considera um veterano.
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Outro aspecto que vai dificultar a vida dos jogadores é o fato de que muitos inimigos (e chefes) tiveram animações retrabalhadas e ganharam novos padrões de ataque. Pode parecer algo simples, mas ter que lidar com um adversário que antes só atacava verticalmente e agora ganhou um movimento horizontal se mostra uma tarefa o faz ter que retrabalhar a maneira como o cérebro funciona e as táticas que costuma empregar.
Para completar, Scholar of the First Sin traz em seu interior todos os capítulos da trilogia de DLCs The Lost Crown. Assim como o jogo-base, eles sofreram alguns ajustes de mecânicas e posicionamento de inimigos que os tornam uma experiência nova mesmo para quem já os experimentou novamente.
A maior prova de que a From Software realmente se preocupou em refinar a experiência original é o fato de o jogo continuar mantendo o elemento que destaca a série Souls: o game é bastante punitivo, mas nunca injusto. Usando uma base relativamente fácil de dominar, o título simplesmente exige que você siga suas regras para sobreviver — o que faz com que, em nenhum momento, o jogador pense que suas várias falhas foram responsabilidade do time de desenvolvedores.
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Vale a pena?
Dark Souls II: Scholar of the First Sin é nada menos que a versão definitiva do título criado pela From Software. Os gráficos atualizados e a inclusão de conteúdos e desafios novos são motivos mais do que suficientes para convencer qualquer fã da franquia que a conheceu no PlayStation 3 ou Xbox 360 a fazer o upgrade necessário e finalmente experimentar a aventura da maneira adequada.
Já aqueles que não gostaram do jogo-base ou não têm apreço por sua grande dificuldade não vão encontrar aqui diferenças substanciais para mudar de opinião. Inclusive, iniciantes na série podem achar uma boa ideia procurar o lançamento original, se possível, visto que essa remasterização se mostra ainda mais desafiante e punitiva a erros bobos.
Quem realmente deve se questionar se vale a pena ou não fazer o upgrade são os donos da versão PC, que têm que lidar com mudanças visuais praticamente imperceptíveis. Nesse contexto, a nova aventura deve ser tratada mais como um modo “Master Quest” do que como algo novo do ponto de vista técnico.
No entanto, quem não possui o Season Pass do game original pode considerar uma boa ideia fazer a transição para a nova versão, visto que ela inclui todos os DLCs por um preço de entrada menor (R$ 40 no Steam, no momento em que esta análise é escrita). Nessa situação, o único inconveniente é ter que baixar novamente todos os arquivos do game, o que demanda certo tempo de espera.
Levando em consideração tudo isso, Dark Souls II: Scholar of the First Sin é um game cujo único pecado real é sua data de lançamento — chegando ao mercado pouco após Bloodborne, o título pode acabar “passando batido” por muitas pessoas. Seja você um fã da série da From Software ou alguém que “caiu de paraquedas” nesse universo, vale muito a pena revisitar de maneira devida um dos melhores títulos de 2014.