Múltipla exposição feita com câmera analógica (Fonte da imagem: Flickr/Mariana Tavares)
Muitas das técnicas de edição que são usadas no Photoshop nasceram, na realidade, bem antes do próprio software ser inventado, nos tempos em que só existia a fotografia analógica.
É o caso, por exemplo, da dupla (ou múltipla) exposição, um resultado que começou como um defeito e acabou sendo adotado por muitos fotógrafos como recurso de arte.
O que é a dupla exposição?
É possível definir a dupla exposição como o efeito que acontece quando duas cenas diferentes são mostradas na mesma fotografia, isto é, são sobrepostas. Isso acontecia quando o filme não era girado corretamente e a câmera acabava realmente registrando duas fotos no mesmo espaço do negativo.
Silhuetas e contraste entre claro e escuro são bastante explorados (Fonte da imagem: Flickr/Somarj)
Enquanto alguns podem imaginar isso como um problema, o resultado muitas vezes é tão bonito que atualmente fotógrafos usam câmeras que fazem isso propositalmente, principalmente os adeptos da lomografia. A ideia não é mostrar uma cena nitidamente e sim mesclar vários elementos em uma “bagunça ordenada”.
É possível fotografar a mesma pessoa duas vezes, uma cena de movimento, vários ângulos de um mesmo cenário e muito mais. Com a dupla (ou múltipla) exposição, não existem muitas regras e você pode criar cenas surreais e bastante descontraídas, bastando ter criatividade e muita determinação para aprender.
Pode parecer Photoshop, porém essa técnica é muito mais antiga do que o software da Adobe. (Fonte da imagem: Flickr/Mariana Tavares)
Mas eu não fotografo com filme, e agora?
Mesmo que originalmente a exposição múltipla seja um recurso da fotografia analógica, o Photoshop está sempre pronto para ajudar quem quiser fazer isso com as suas fotografias digitais. E a melhor parte é que é extremamente simples fazer dupla exposição usando o software, apesar de o resultado não ser perfeito — as fotografias com dupla exposição feitas com filme ainda são mais bonitas e criativas, na maior parte dos casos.
Na verdade, o processo é tão simples que nem é preciso usar o editor da Adobe, por mais que as ferramentas do Photoshop sejam sim mais completas e fáceis de usar do que as de outros editores. Para provar isso, vamos ensinar a fazer a dupla exposição usando o Photoshop e também o Pixlr, um dos melhores editores online. Porém, antes de começar, é importante escolher as imagens corretamente.
Escolhendo a melhor imagem
Não existe uma regra para isso, pois você pode misturar qualquer fotografia nessa técnica; porém, para resultados melhores usando o Photoshop, algumas dicas podem ser úteis. Por exemplo, é interessante mesclar imagens que contenham contrastes entre o claro e o escuro, para que os modos de mesclagem do software funcionem melhor.
Contrastes entre claro e escuro funcionam muito bem e resultam em imagens como esta. (Fonte da imagem: Flickr/Brad Hammonds)
Nesse caso, silhuetas funcionam muito bem e permitem efeitos maravilhosos. Usar padrões e imagens do céu também pode ser uma opção interessante, principalmente se você quiser fazer uma mesclagem múltipla (como nós faremos no exemplo). A verdade é que, por mais que o processo em si seja simples, é preciso tentar várias vezes e com várias imagens até achar aquela que se encaixe perfeitamente.
Fotografias prontas — é hora de começar
Usando o Photoshop
Não existe muito segredo no processo de criar uma dupla exposição no Photoshop; como você deve estar imaginando, o que nós vamos fazer é usar a mesclagem de camadas para conseguir um efeito interessante. Nós vamos usar uma versão bem antiga do Photoshop (CS2), porém essas ferramentas são praticamente iguais em qualquer atualização mais recente.
Arraste o layer para a imagem — mesmo se o ícone indicar que a ação não pode ser feita. (Fonte da imagem: Reprodução/Tecmundo)
Depois de abrir a imagem de fundo, você pode usar o seu método preferido para abrir outra imagem por cima. É possível fazer isso usando a opção “Place”, no menu “File”, ou você pode abrir a segunda imagem em uma janela separada no Photoshop e arrastar o seu layer para dentro da primeira, como mostra a imagem acima.
Nós vamos usar três fotografias, porém você pode usar mais (porém lembre-se de que, com muitas sobreposições, a sua imagem pode ficar sem sentido e muito poluída) ou apenas duas. A camada de fundo permanece intacta, com mesclagem normal e sempre em 100% de opacidade, enquanto a de cima é alterada conforme o resultado desejado.
Teste e escolha o modo de mesclagem que mais combina com as imagens que você escolheu. (Fonte da imagem: Reprodução/Tecmundo)
Se você usar mais do que uma sobreposição, faça isso com uma imagem de cada vez, para poder ter o domínio de cada edição. Clique no layer de cima e vá alterando o modo de mesclagem e a opacidade, como mostra a imagem acima. Alguns modos que costumam ficar bons, principalmente com silhuetas: “Lighten”, “Screen”, “Linear Dodge” e “Color Dodge”.
Se você achar que a imagem de cima poderia aparecer menos, ajuste a opacidade para que a fotografia de base seja mais destacada. Alguns ajustes também são úteis, como os níveis e o seletor de cor, para acentuar sombras e áreas claras e para corrigir misturas de cor que não derem muito certo.
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Resultado da sobreposição usando o Photoshop. (Fonte da imagem: Tecmundo/Ana Nemes)
Usando o Pixlr
O processo para conseguir fazer a sua montagem de múltipla exposição no Pixlr é basicamente o mesmo do que o no Photoshop, com a diferença de que existem menos modos de mesclagem nele — porém, ele é completamente gratuito e online, algo a se levar em conta na hora de escolher o editor a ser usado.
Para abrir uma imagem em layer por cima de outra, no entanto, o processo é um pouco diferente. Acesse o Pixlr, use o botão “Abrir uma imagem” para achar a fotografia de base e depois vá em Arquivo > Abrir Imagem para escolher a segunda foto que você vai usar. O programa abre em uma janela separada e você precisa arrastar o layer dela para a primeira foto, da mesma forma que foi feito no Photoshop.
Clique no botão para abrir as opções de modos de mesclagem. (Fonte da imagem: Reprodução/Tecmundo)
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Clique no layer de cima e então use o botão mostrado na imagem acima para abrir as opções de mesclagem de camadas do Pixlr, que, ao contrário do Photoshop, ficam escondidas se você não estiver usando-as. Como é possível perceber, esta ferramenta é bem mais simples no Pixlr, com apenas duas opções, porém é exatamente o que você precisa neste caso.
No Pixlr, existem menos modos de mesclagem; você verá, por exemplo, que os modos “Linear Dodge” e “Color Dodge” não aparecem por aqui. Isso não deve ser um problema tão grande, porém limita um pouco as opções de resultado. Neste exemplo, usamos o modo “Screen” para a imagem de cima e “Hardlight” para a do meio, com opacidade reduzida.
Resultado da sobreposição alcançado com o uso do Pixlr. (Fonte da imagem: Tecmundo/Ana Nemes)
Como você pode perceber nos exemplos, a diferença entre a imagem criada com o Photoshop e a editada no Pixlr foram mínimos. É preciso apenas tomar cuidado com o navegador que você está usando para abrir o editor online, já que é possível que este serviço acabe travando o seu browser se as imagens forem muito pesadas. Salve sempre qualquer conteúdo que você estiver vendo ou criando em outras abas para não correr riscos.
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Editar imagens com múltipla exposição não é difícil, mas pode ser demorado encontrar aquelas duas ou mais imagens que vão combinar perfeitamente entre si. Procure exemplos variados na internet e teste o máximo de combinações possíveis, mesmo que o resultado não seja bom no começo — é assim que você vai saber o que funciona ou não nesse tipo de técnica.