Antes de falarmos sobre perigos futuros, você precisa entender o que está acontecendo agora nos EUA: o FBI (Agência Federal de Investigação) pediu para a Apple hackear um iPhone envolvido nos ataques em San Bernardino, em 2015 — no dia 2 de dezembro, 14 pessoas foram mortas e 22 ficaram gravemente feridas em um ataque terrorista no Inland Regional Center. Para quebrar a segurança do iPhone, a companhia de Tim Cook teria que desenvolver um software invasor.
A Apple comentou publicamente que criar um programa deste nível poderia "ser um passo sem precedentes que ameaça a segurança de consumidores". Por isso, está rolando uma batalha judicial entre FBI e Apple. Agora, um juizado nos EUA ordenou que a Maçã quebre as proteções de segurança no iPhone envolvido com os ataques.
Um novo software que quebra a segurança de iPhones, mesmo que seja voltado para apenas um aparelho, abre um leque de possibilidades nada felizes para os iFãs. Na mesma declaração citada anteriormente, Cook falou que a ferramenta é "muito perigosa para ser criada", que poderia colocar em risco anos de trabalho em segurança que protegem bilhões de smartphones.
Enquanto a Apple brada o perigo, o Governo comenta que o software não vai causar problemas para outros gadgets iOS. A pergunta que fica é: quem está certo? Uma atualização de firmware pode ser tão perigosa assim?
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Perigo real?
Obviamente, alertas sobre um estado de vigilância criado por ferramentas governamentais costumam pipocar vez ou outra na internet e no noticiário. Contudo, o perigo aqui é outro: crackers, que, diferentemente de hackers, cometem crimes em prol do benefício próprio.
A tela de bloqueio é a principal ferramenta de proteção de iPhones. Foram anos de atualizações e estudos da Apple para chegar ao nível atual. Hoje, quando um gadget iOS é roubado, os dados internos dificilmente são acessados — é mais fácil limpar o aparelho por completo.
O FBI pode criar uma versão genérica deste programa que invadiria iPhones diferentes
Um software com a capacidade de desbloquear um iPhone pode causar um estrago grande. Mesmo que seja apenas uma unidade, os caminhos para o feito ficam mais explícitos — e, nas mãos erradas, não seriam necessárias mais que algumas semanas para desvendar como o software foi desenvolvido.
Ao conseguir os dados internos de um iPhone — na verdade, de qualquer smartphone com qualquer sistema operacional —, criminosos podem pegar informações preciosas para cometer crimes de identidade, extorsão e outras coisas piores.
O buraco é mais fundo
O sistema proposto pelo FBI oferece várias proteções. A ideia é garantir que o hack de senhas não possa ser usado por ninguém fora da Agência. Além disso, esse programa seria atualizado para apenas um modelo, uma unidade de iPhone — então o ambiente seria controlado. Outra questão é que o smartphone envolvido é o 5c, "um pouco" mais fácil de ser hackeado, pois não possui o chip Secure Enclave — a peça amarra as proteções da tela de bloqueio ao hardware e está presente nos iPhones mais novos.
Apesar disso, a Apple tem um longo histórico em negar acesso aos aparelhos nos EUA. Agências policiais já pediram acesso para 175 gadgets apenas em Manhattan, segundo o advogado Cy Vance. A Maçã saiu vitoriosa e não perdeu nenhum caso, contudo parece que dessa vez não há escapatória. O FBI tem um pedido "forte", já que está ligado ao terrorismo.
É exatamente neste ponto que mora o perigo: assim que o software for desenvolvido, agentes do FBI podem criar uma versão genérica deste programa que passaria por telas de bloqueio diferentes. Veja, é mais barato e custa menos dinheiro: foram 175 ações perdidas só em Manhattan; com uma ferramenta dessas, seria mais fácil acessar os smartphones investigados. E quem indica isso é especialista forense Robert Lee, em entrevista ao The Verge. "O FBI vai começar a ir e voltar, até finalmente começar a pedir por uma versão genérica. E é essa versão que traz o real perigo", disse Lee.
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No final das contas
É imperativo: nenhum sistema é impenetrável. Por mais difícil que seja de acessar, a presença de ferramentas como a que o FBI deseja aumenta a possibilidade de invasões. Tudo caminha para um novo software ser desenvolvido pela Apple. E se os iPhones ficarão seguros, depende de qual mão vai gerenciar a ferramenta hacker.
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