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Traficante pega 20 anos de cadeia por emails que ele jura que apagou

Advogados agora alegam que ele de fato apagou os recados e, por isso, foi ilegalmente vigiado pela empresa ou até pelo Governo

Avatar do(a) autor(a): Nilton Cesar Monastier Kleina

23/06/2016, às 07:15

Traficante pega 20 anos de cadeia por emails que ele jura que apagou

Fonte: Shutterstock

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O britânico Russell Knaggs foi condenado a 20 anos de prisão por arquitetar um esquema de tráfico de drogas com um parceiro que estava fora da prisão — sim, ele já estava atrás das grades! — e um fornecedor na Colômbia. O mais curioso é que a principal prova do crime, utilizada para confirmar a negociação e a participação do detento, foram rascunhos de email que deveriam estar deletados.

O plano de Knaggs era o seguinte: ele e o sócio escreviam um email em uma conta do Yahoo!, mas não o enviavam a ninguém para não criar evidência. No lugar, deixavam a mensagem salva na pasta "Rascunhos". Em seguida, o fornecedor colombiano entrava na mesma conta, lia a mensagem, apagava e deixava outra no lugar. Foi toda essa troca de recados que a empresa enviou para a Justiça após solicitação.

Acontece que o condenado alega que apagou todos os rascunhos daquela pasta, inclusive da lixeira. Assim, não seria possível nem mesmo para o Yahoo! ter acesso aos emails. Como eles conseguiram as conversas?

Vigilância demais?

Essa confusão abriu uma brecha para o advogado de Knaggs, que acusou até o Governo dos Estados Unidos de monitoramento, vigilância, coleta de dados em massa e invasão de privacidade — ou seja, já estavam coletando e interceptando as mensagens do sujeito.

O advogado acusa o Governo de monitoramento, vigilância, coleta de dados em massa e invasão de privacidade

Sobrou até para a NSA, a Agência de Segurança Nacional, que pode ter sido a responsável pela tal obtenção de provas. Afinal, o julgamento começou em 2009, antes de Snowden denunciar que a instituição de fato realizava tais ações.

Resposta do Yahoo!

O Yahoo! negou que os dados foram fornecidos pela NSA ou algo parecido. Segundo a empresa, há um recurso de "autosalvamento" em que diferentes versões de um rascunho são de fato armazenadas nos servidores da empresa para benefício do usuário. Esses dados podem ser recuperados a qualquer momento, mesmo que o usuário delete o rascunho finalizado.

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A empresa não explicou por quanto tempo essas conversas ficam armazenadas e se recusou a responder mais comentários. Os advogados de Knaggs não ficaram satisfeitos com a resposta e vão apelar contra a sentença e os métodos de condenação.



Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.