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Núcleo da Terra pode estar coberto por um antigo fundo oceânico, diz estudo

Segundo cientistas de um estudo publicado na revista científica Science Advances, evidências sugerem uma antiga estrutura oceânica entre o núcleo e o manto da Terra

Avatar do(a) autor(a): Lucas Vinicius Santos

11/09/2023, às 13:00

Núcleo da Terra pode estar coberto por um antigo fundo oceânico, diz estudo

Fonte:  Universidade do Alabama 

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De acordo com um estudo conduzido por uma equipe de cientistas da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, parece que o núcleo da Terra está envolto em uma estrutura antiga que não havia sido detectada até então. Trata-se de um antigo fundo oceânico entre o núcleo e o manto do planeta, observado a aproximadamente 2,9 mil quilômetros abaixo da superfície da Terra.

Publicado na revista científica Science Advances, o estudo firma que a camada oceânica é fina e densa, situada na região do núcleo externo, onde há fluídos metálicos derretidos que encontram o manto rochoso acima dele — a região é conhecida como o limite núcleo-manto (CMB). A descoberta foi realizada após os cientistas observarem um mapa de alta resolução da "geologia subjacente abaixo do Hemisfério Sul da Terra".

O mapa foi criado por meio de imagens sísmicas do interior da Terra e revela o que, provavelmente, é um 'fundo oceânico afundado'. Anteriormente, os cientistas só observaram manchas isoladas desta formação, contudo, os novos dados sugerem que talvez esse antigo fundo oceânico seja responsável por cobrir a 'fronteira' entre o núcleo e o manto da Terra.

O possível antigo fundo oceânico foi detectado por meio de uma técnica que utiliza a sismografia para estudar as propriedades do interior da Terra.O possível antigo fundo oceânico foi detectado por meio de uma técnica que utiliza a sismografia para estudar as propriedades do interior da Terra.

“Investigações sísmicas, como a nossa, fornecem imagens da mais alta resolução da estrutura interior do nosso planeta, e estamos descobrindo que esta estrutura é muito mais complicada do que se pensava. Nossa pesquisa fornece conexões importantes entre a estrutura superficial e profunda da Terra e os processos gerais que impulsionam o nosso planeta”, disse a geóloga da Universidade do Alabama, Samantha Hansen, quando o estudo foi divulgado em abril de 2023.

Antigo fundo oceânico

A partir de dados coletados em 15 estações sismológicas de monitoramento na Antártica, os cientistas conseguiram mapear o fundo oceânico por meio de ondas sísmicas de terremotos que ocorreram nos últimos três anos — um tipo de ‘radiografia’ de alta qualidade. Os pesquisadores perceberam que as ondas sísmicas reduziam significativamente quando passavam por essa região, classificando-as como zonas de velocidade ultrabaixa (ULVZs).

Os pesquisadores colocaram equipamentos sísmicos em 15 estações sismológicas na Antártica.Os pesquisadores colocaram equipamentos sísmicos em 15 estações sismológicas na Antártica.

Os cientistas explicam que as ULVSz podem ser explicadas por antigos fundos oceânicos; eles acreditam que pode ser a explicação mais plausível, contudo, não é única hipótese. Os próximos estudos sísmicos devem ajudar a explicar o que é estrutura fina e densa entre o núcleo e o manto da Terra.

"Analisando os milhares de registros sísmicos da Antártica, nosso método de imagem em alta definição encontrou finas zonas anômalas de material na fronteira do núcleo-manto (CMB) em todos os locais que investigamos. A espessura desse material varia de alguns quilômetros a dezenas de quilômetros. Isso sugere que estamos observando montanhas no núcleo, em alguns lugares com até 5 vezes a altura do Monte Everest", disse um dos autores do estudo e associado da Universidade Estadual do Arizona, Dr. Edward Garnero.

Gostou do conteúdo? Então, fique por dentro de todas as recentes descobertas geológicas aqui no TecMundo e aproveite para saber também, qual é a relação do gelo da Antártica com a lama antiga do Mississipi.



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Lucas Vinicius Santos

Especialista em Redator

Lucas Guimarães escreve sobre ciência e tecnologia há mais de dez anos.

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